O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta sexta-feira (27) que voltaria a bombardear o Irã "sem dúvida nenhuma", caso haja indícios de que o país continue enriquecendo urânio. A declaração foi dada durante entrevista coletiva na Casa Branca, onde o republicano celebrou o que chamou de “tremenda vitória” dos EUA no conflito entre Israel e Irã, encerrado com cessar-fogo na última terça-feira (24).
Trump afirmou que os ataques americanos a instalações nucleares iranianas representaram um ponto final no avanço do programa atômico de Teerã. Segundo ele, "assim que as bombas foram lançadas, a guerra acabou".
Tensão com Teerã e a AIEA
Durante a fala, o presidente acusou o aiatolá Ali Khamenei, líder supremo do Irã, de mentir ao seu povo ao declarar vitória na guerra. “Você foi batido”, disse Trump, que ainda afirmou ter “salvado” o líder iraniano de uma “morte feia e humilhante”.
O republicano também defendeu o envio de inspetores da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) às instalações atacadas, como Natanz, Fordow e Isfahan, para avaliar os danos e medir os níveis de radiação. O Irã, por sua vez, suspendeu a cooperação com a agência e criticou duramente seu diretor, Rafael Grossi, chamando-o de “mal-intencionado”.
Israel promete nova escalada
Na mesma sexta-feira, o ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, declarou que os ataques ao Irã durante os 12 dias de conflito foram “apenas uma prévia”. Ele ordenou ao Exército a criação de um plano de dissuasão contínuo contra o regime de Teerã, citando a chamada “Operação Leão em Ascensão”.
Entre as ações previstas estão a manutenção da superioridade aérea israelense, o bloqueio ao avanço dos programas nuclear e de mísseis do Irã, e retaliações por supostas ligações com atividades terroristas. Katz ironizou o líder iraniano ao chamá-lo de “chefe da serpente já sem dentes”.
Trégua sob pressão
Apesar da retórica agressiva, o cessar-fogo entre Irã e Israel segue em vigor, embora em clima de instabilidade. A imprensa israelense revelou que o Mossad, serviço secreto de Israel, enviou mensagem à população iraniana alertando sobre ataques iminentes, com referência indireta a mísseis descritos como "cortadores de grama vindos do céu".
O general Tomer Bar, comandante da Força Aérea de Israel, afirmou que seu país pode manter aeronaves sobre Teerã "sempre que escolher", reforçando o domínio aéreo sobre o espaço iraniano.
Trump e o premiê Benjamin Netanyahu declararam que os dois países têm hoje “controle total” sobre a zona aérea iraniana, uma afirmação que eleva ainda mais a tensão em uma das regiões mais voláteis do planeta.