O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou neste domingo (4) que não sabe “se deve respeitar” a Constituição do país. A declaração foi dada durante entrevista ao programa Meet the Press, da emissora NBC News.
Na mesma conversa, Trump afirmou que não considera seriamente disputar um terceiro mandato, o que é proibido pela Constituição norte-americana.
DÚVIDAS SOBRE O DEVIDO PROCESSO LEGAL
Ao ser questionado sobre o direito ao devido processo legal para pessoas sem cidadania americana, Trump foi evasivo: “Não sou advogado. Não sei”, respondeu. A Constituição dos EUA garante esse direito tanto pela Quinta quanto pela 14ª Emenda.
O presidente vem sendo criticado por repetidamente testar os limites constitucionais desde o início de seu segundo mandato, especialmente por sua política de deportação em massa de imigrantes em situação irregular — muitos deles sem audiência judicial.
CASO ABREGO GARCIA VIROU SÍMBOLO
Críticos do presidente citam o caso de Kilmar Abrego Garcia, cidadão salvadorenho deportado por engano dos EUA para El Salvador, onde foi preso sem comunicação com familiares ou advogados. Trump afirma que Garcia integra uma gangue transnacional violenta, apesar de a Suprema Corte ter ordenado sua repatriação aos Estados Unidos.
Durante a entrevista, Trump evitou responder se cidadãos e não cidadãos merecem o devido processo legal: “Não sei. Não sou, não sou advogado”, repetiu ao ser pressionado pela jornalista Kristen Welker.
MENÇÕES A UM POSSÍVEL TERCEIRO MANDATO
Embora tenha dito que “não está buscando” um terceiro mandato, Trump voltou a mencionar a ideia: “Procuro ter quatro grandes anos e depois entregar o cargo a alguém, idealmente a um republicano”, afirmou.
Ele citou o vice-presidente J.D. Vance e o secretário de Estado Marco Rubio como possíveis sucessores. A Constituição dos EUA, modificada em 1947, limita os presidentes a dois mandatos. Ainda assim, produtos com o slogan “Trump 2028” têm sido vendidos em sua loja virtual oficial.
CANADÁ COMO 51º ESTADO?
Trump voltou a sugerir que pretende transformar o Canadá no “51º estado” americano. Às vésperas de um encontro com o primeiro-ministro canadense Mark Carney, o presidente disse que “é altamente improvável” o uso da força militar para isso.
A retórica, no entanto, tem causado mal-estar entre canadenses. Trump também falou sobre a Groenlândia, território dinamarquês, e não descartou completamente uma ação militar: “Algo pode acontecer com a Groenlândia. Precisamos disso para a segurança nacional e internacional”, declarou.