O Hamas afirmou nesta terça-feira (30) que está estudando a proposta apresentada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para encerrar a guerra na Faixa de Gaza. Apesar disso, o grupo terrorista não estabeleceu prazo para dar uma resposta.
Segundo uma fonte do Hamas ouvida pela agência AFP, o movimento iniciou consultas entre seus dirigentes políticos e militares “tanto dentro como fora da Palestina”. A fonte destacou que as discussões podem;
“durar vários dias, dada sua complexidade, em particular para coordenar a comunicação entre os membros da liderança e os movimentos após a agressão israelense em Doha”.
A mesma fonte acrescentou que a resposta será dada “em nome do Hamas e dos movimentos da resistência palestinos”.
Trump pressiona, Israel apoia
O presidente americano, por outro lado, afirmou que o prazo para uma decisão não deve se estender.
“Todos estão esperando”, disse Trump, ao fixar um limite de “três a quatro dias” para que o Hamas se manifeste.
Em coletiva na Casa Branca, o premiê israelense Benjamin Netanyahu declarou apoio ao plano de Trump.
“Isso trará de volta a Israel todos os reféns, desmantelará as capacidades militares do Hamas, encerrará seu domínio político e garantirá que Gaza nunca mais represente uma ameaça”, afirmou.
Netanyahu reforçou ainda que, caso o Hamas rejeite a proposta, Israel avançará na ofensiva.
“Se o Hamas rejeitar seu plano, senhor presidente, ou se supostamente aceitá-lo e depois basicamente fizer de tudo para contrariá-lo, então Israel concluirá o trabalho por conta própria”, disse.
Catar retoma papel de mediador
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Catar, Majed al-Ansari, informou que o país voltou a atuar como mediador. Ele anunciou conversas com negociadores do Hamas e com o governo da Turquia para discutir o plano.
“A delegação do Hamas prometeu estudar [a proposta] de forma responsável”, declarou.
O que prevê a proposta de Trump
O plano dos EUA inclui:
- Criação de um governo de transição em Gaza, comandado por um comitê tecnocrático palestino e supervisionado por um “Conselho da Paz” chefiado por Trump;
- Exclusão do Hamas e de facções armadas do processo político;
- Programa de reconstrução financiado por especialistas internacionais;
- Desmilitarização de Gaza e formação de uma nova força policial palestina treinada por uma Força Internacional de Estabilização;
- Retirada gradual das tropas israelenses da região;
- Possibilidade futura de criação de um Estado palestino, condicionada a reformas internas na Autoridade Palestina e à estabilização de Gaza.
Resistências e pressões
Apesar do apoio público ao plano, Netanyahu enfrenta resistência interna, principalmente quanto à perspectiva de um futuro Estado palestino. Na semana passada, ele declarou na ONU que essa possibilidade seria uma “insanidade”.
Enquanto isso, cresce a pressão da sociedade israelense pelo fim da guerra e a libertação dos reféns, enquanto setores da coalizão de governo ameaçam rompimento caso haja concessões consideradas excessivas.