O ex-presidente Donald Trump anunciou, nesta quarta-feira (6), uma nova tarifa de 25% sobre produtos indianos. A decisão é uma retaliação direta à continuidade da Índia em comprar petróleo da Rússia, prática que, segundo Trump, financia a guerra na Ucrânia. Com o novo imposto, a taxa total sobe para 50%.
Além de impactar diretamente a Índia, a medida também serve como alerta ao Brasil, que mantém laços comerciais com Moscou e pode ser o próximo alvo de sanções semelhantes.
Base legal e alvo: energia russa
O novo imposto tem como base uma ordem executiva de 2022, que proíbe investimentos e importações de produtos russos. Segundo Trump, o comércio com a Rússia representa uma ameaça à segurança nacional dos EUA.
“Constato que a emergência nacional [...] continua vigente, e que as ações e políticas da Rússia ainda representam uma ameaça incomum e extraordinária”, afirma o documento oficial da Casa Branca.
A tarifa incide sobre produtos que envolvam petróleo russo, seja de forma direta ou indireta, como via intermediários ou países terceiros, desde que a origem do petróleo seja rastreável.
A nova cobrança entra em vigor no dia 27 de agosto, com exceção para bens já em trânsito, que terão até 17 de setembro para chegar sem a nova taxação.
Reação da Índia e impasse nas negociações
O governo indiano se manifestou com desapontamento, classificando a medida como “injusta, irracional e sem justificativa”. Nova Délhi afirmou que tomará todas as providências necessárias para proteger seus interesses.
Na semana anterior, Trump já havia alertado para sanções devido à compra de energia e equipamentos militares russos. Ele ainda acusou a Índia de praticar tarifas altíssimas e impor barreiras comerciais rigorosas.
Apesar de cinco rodadas de negociações entre os dois países, autoridades indianas acreditavam na possibilidade de acordo e esperavam uma tarifa limitada a 15%. A expectativa era de um anúncio favorável antes do dia 1º de agosto, o que nunca aconteceu.
Brasil pode ser o próximo na lista
A movimentação de Trump liga o sinal de alerta no Brasil. O país segue importando fertilizantes e combustíveis da Rússia e, segundo o novo comunicado, o Departamento de Comércio dos EUA já avalia quais nações mantêm esse tipo de relação com Moscou.
“Se o secretário de comércio constatar que um país importa energia da Rússia, poderá recomendar ações, inclusive a aplicação de uma tarifa de 25%”, diz o texto divulgado pela Casa Branca.
Em julho, uma comitiva de senadores brasileiros esteve em Washington para tentar negociar a redução das tarifas americanas ao Brasil, que também estão em 50%. Na ocasião, os parlamentares ouviram de republicanos e democratas que sanções automáticas contra países que negociam com a Rússia estão em discussão no Congresso.
“Há outra crise pior que pode nos atingir em 90 dias”, alertou o senador Carlos Viana (Podemos-MG).
“Eles acham que quem compra da Rússia dá munição para a guerra continuar”, reforçou a senadora Tereza Cristina (PP-MS).
A expectativa é que o tema volte à mesa do governo brasileiro nos próximos dias.