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Trio ganha Nobel de Química por metal 'esponja' de átomos e leva premiação milionária

Estruturas desenvolvidas pelos laureados podem ajudar a reduzir emissões de carbono, filtrar poluentes e extrair água do ar em regiões áridas

Nobel de Química | Foto: Reprodução
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Susumu Kitagawa, Richard Robson e Omar M. Yaghi foram os ganhadores do Prêmio Nobel de Química 2025, anunciou a Academia Real das Ciências da Suécia nesta quarta-feira (8). Os três cientistas dividirão igualmente o prêmio de 11 milhões de coroas suecas (cerca de R$ 6,2 milhões), pelo desenvolvimento das estruturas metal-orgânicas (MOFs)materiais ultraporosos capazes de capturar, armazenar e separar moléculas em nível atômico.

Moldando o invisível: como funcionam os MOFs

Imagine uma esponja feita de átomos. É assim que funcionam os metal-organic frameworks (MOFs). Cada estrutura é composta por íons metálicos (como cobre, zinco ou cobalto) ligados a longas cadeias orgânicas, formando um cristal com inúmeros poros microscópicos.

Esses buracos permitem capturar gases, armazenar energia ou separar moléculas específicas — uma espécie de “engenharia de espaços vazios” na química. Os MOFs são tão porosos que alguns gramas do material têm área interna equivalente a um campo de futebol, permitindo absorver grandes quantidades de gás ou vapor comparado a outros materiais.

Vencedores do Nobel de Química são Susumu Kitagawa, Richard Robson e Omar M. Yaghi — Foto: Reprodução/Nobel 

Da teoria ao impacto prático

A pesquisa com MOFs começou nos anos 1980, quando Richard Robson descobriu que a atração entre íons metálicos e moléculas orgânicas poderia criar cristais com cavidades internas. Susumu Kitagawa, da Universidade de Kyoto, mostrou que os materiais podiam ser estáveis e flexíveis, absorvendo e liberando gases sem se desmanchar.

Omar Yaghi, da Universidade da Califórnia em Berkeley, desenvolveu MOFs ultrarresistentes, como o MOF-5, capaz de suportar 300 °C e ser moldado conforme a necessidade. Yaghi também demonstrou uma aplicação emblemática: extrair água do ar do deserto, com material que captura vapor d’água à noite e libera o líquido ao amanhecer com a luz do sol.

Onde isso aparece na vida real

Embora ainda sejam estudados principalmente em laboratório, os MOFs já têm aplicações reais e promissoras:

  • Captura de CO₂ em fábricas e usinas, reduzindo a emissão de gases de efeito estufa;
  • Purificação de água, com materiais que retêm poluentes como PFAS e restos de medicamentos;
  • Armazenamento de hidrogênio, que pode servir como combustível limpo;
  • Controle de amadurecimento de frutas, ao absorver o gás etileno;
  • Produção de chips e semicondutores, onde são usados para conter ou neutralizar gases tóxicos.

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