Integrantes de uma rede de tráfico de pessoas torturaram e estupraram imigrantes africanas antes do barco em que viajavam afundar perto da ilha italiana de Lampedusa, causando mais de 360 mortes, segundo a polícia italiana. Os policiais prenderam um somali em Lampedusa acusado de fazer parte da gangue que cometeu os abusos.
A maioria das vítimas do naufrágio de 3 de outubro eram eritreus e somalis. O barco de pesca que os transportava virou pouco antes de chegar a Lampedusa, no sul da Itália. Segundo a polícia, cada imigrante pagou milhares de dólares para a quadrilha para poder fazer a viagem.
O grupo criminoso levava pessoas através do Deserto do Saara para a Líbia, onde ficavam detidas em um acampamento até pagarem ao menos US$ 3 mil, de acordo com a investigação.
Imigrantes sobreviventes disseram à polícia que tortura e estupros ocorreram nesse acampamento, segundo o correspondente da BBC em Roma, Alan Johnson.
Uma vez que os migrantes faziam o pagamento, eram entregues a outra quadrilha que organizou a viagem de barco para a Europa.
Motivos obscuros
O suposto capitão do barco Clandestine, um tunisiano conhecido como Khaled Bensalam, está sendo mantido sob custódia na Sicília. O suspeito de 24 anos foi preso após chegar em Lampedusa, em 25 de outubro, com um grupo de imigrantes.
Quando entrou no centro de recepção de migrantes, ele foi atacado por sobreviventes do desastre, de acordo com a polícia. Havia no local 155 sobreviventes da tragédia. Os imigrantes o reconheceram como um dos líderes da quadrilha que organizou a desastrosa viagem. Ele agora enfrenta acusações de sequestro, violência sexual e tráfico de pessoas.
Ainda não ficou claro o motivo de o suspeito ter feito a viagem até a Itália correndo o risco de ser identificado por imigrantes agredidos. Mas a polícia diz que ele pode ter tentado escapar de tensões dentro de sua própria quadrilha.
Outra teoria é que ele tenha tentado fazer a travessia para consolidar laços com comparsas na Itália. Ou ele pode ter simplesmente decidido construir uma vida nova na Europa, segundo correspondentes.
A imprensa italiana afirmou que a prisão do somali é parte de investigações da polícia siciliana e de unidades antimáfia de Roma.