O Talibã afegão afirmou nesta quinta-feira que está pronto para entregar um militar americano mantido em cativeiro desde 2009, em troca de cinco presos em Guantánamo. Shaheen Suhail, um porta-voz do Talibã, disse que o sargento do Exército dos EUA Bowe Bergdahl, desaparecido no leste do Afeganistão em 30 de junho de 2009, está em boas condições de saúde. A oferta vem num momento em que os Estados Unidos estão trabalhando para salvar as negociações de paz com os talibãs depois de o presidente afegão, Hamid Karzai, ter reclamado que estava sendo excluído das conversações.
Suhail fez as declarações em uma entrevista exclusiva por telefone à agência Associated Press a partir dos escritórios do Talibã, recém-inaugurados em Doha, no Qatar. Ele defendeu que, primeiramente, tem de acontecer a libertação dos presos. Depois disso, o Talibã deseja construir pontes de confiança com o governo americano. O porta-voz não deu detalhes sobre o paradeiro atual de Bergahl.
Ainda nesta quinta-feira, autoridades afegãs disseram que a remoção da bandeira e da placa de identificação do escritório do Talibã no Qatar não é suficiente. Negociadores de paz afegãos argumentam que o escritório é destinado somente para as negociações de paz e que eles estão descontentes com as declarações do Talibã.
- É um tipo de estabelecimento Talibã que não queremos - afirmou à BBC Muhammad Ismael Qasemyar, membro do Alto Conselho de Paz do Afeganistão.
Os comentários foram feitos depois que o secretário de Estado americano, John Kerry, exortou Karzai a aliviar as tensões. Ele disse ao presidente que o escritório estava retirando a bandeira, e que a placa que designa o edifício como Emirado Islâmico do Afeganistão seria substituído por um dizendo bureau de negociações de paz.
Na quarta-feira, Karzai disse que os negociadores afegãos iriam boicotar as negociações no Qatar até as potências estrangeiras permitiram que o processo seja conduzido por afegãos. Ele também suspendeu as conversações de segurança com os EUA sobre a presença americana no Afeganistão depois da saída da Otan em 2014.