Suécia investiga se pintor usou cinzas de vítimas dos nazistas

Carl Micheal von Hausswolff disse que aquarela tinha cinzas diluídas.

Obra do sueco Carl Micheal von Hausswolff teria cinzas retiradas de campo de concentração. | Reprodução
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A justiça sueca está investigando se um pintor utilizou cinzas de um forno crematório de um campo de concentração na Polônia para realizar uma de suas obras, informou nesta sexta-feira (7) a polícia.

O pintor sueco Carl Micheal von Hausswolff disse que uma aquarela atualmente exposta em uma galeria de Lund foi realizada com água na qual foram diluídos alguns restos mortais recolhidos em 1989 no campo de concentração de Majdanek.

A obra, em branco e preto, mostra pinceladas verticais dentro de um retângulo que, segundo afirma o artista no site da galeria, representam "gente torturada, martirizada, assassinada por outro povo em uma das guerras mais cruéis do século XX".

A investigação policial começou com uma demanda na quarta-feira (6) por "violação do descanso dos mortos", um crime castigado na Suécia com até dois anos de prisão, indicou à AFP a inspetora de polícia Annika Johansson.

O administrador da galeria, Martin Bryder, e o artista, contactados pela AFP, se negaram a comentar a informação.

Por sua vez, uma porta-voz do museu do campo de Majdanek, Agnieszka Kowalczyk, disse ao jornal sueco Aftonbladet que recolher cinzas é "um roubo".

Vom Hausswolff conta na internet que foi à Polônia para uma exposição e que, quando chegou a Majdanek, teve a ideia de recolher as cinzas, mas que não sabia o que fazer com elas. "O material estava muito carregado dos horrores que aconteceram ali", assegurou.

"Em 2010, peguei a urna com as cinzas e decidi fazer algo. Pequei umas folhas de papel de aquarela e decidi simplesmente cobrir uma superfície retangular destas folhas com cinzas diluídas em água", disse o artista.

"Quando terminei, estas imagens "falaram" comigo, apareceram figuras... como se as cinzas tivessem uma energia ou as recordações ou as "almas" das pessoas", acrescentou.

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