Roman Starovoit, ex-ministro dos Transportes da Rússia, demitido por Vladimir Putin, foi encontrado morto nesta segunda-feira (7), em um caso tratado como suicídio pelo governo. Ele se junta a uma série de autoridades, magnatas e opositores ligados a Putin que morreram em circunstâncias suspeitas nos últimos anos.
Entre os casos mais notórios está o de Yevgeny Prigozhin, líder do grupo Wagner, que morreu em um acidente aéreo após romper com o presidente russo. A morte de Alexei Navalny, preso na época, também gerou repercussão. O governo russo alegou causas naturais, mas a família afirma que ele foi assassinado — Navalny já havia sobrevivido a um envenenamento.
Moscou nega envolvimento em mortes de opositores e frequentemente classifica os casos como suicídios, divulgados pela mídia estatal como “em investigação”.
1. Roman Starovoit, ministro demitido
Roman Starovoit foi encontrado morto nos arredores de Moscou na segunda-feira (8), poucas horas após ser demitido do cargo de ministro dos Transportes. Segundo a imprensa russa, ele teria tirado a própria vida com uma pistola encontrada ao lado do corpo.
O Kremlin disse estar "chocado" com a morte. Starovoit havia assumido o ministério em maio de 2024, após quase cinco anos como governador da região de Kursk, onde enfrentou denúncias de corrupção. Sua posição já era considerada instável, e meses após sua saída de Kursk, tropas ucranianas cruzaram a fronteira.
2. Alexei Navalny, opositor de Putin
Alexei Navalny, principal opositor de Vladimir Putin, morreu em fevereiro de 2024, aos 47 anos, em uma colônia penal no Ártico. O governo russo alegou causas naturais, afirmando que ele passou mal durante uma caminhada e não resistiu, apesar das tentativas de reanimação.
Navalny ganhou destaque por denunciar corrupção no governo e chegou a ser pré-candidato à Presidência, mas foi impedido de concorrer. Ele sobreviveu a duas tentativas de envenenamento, uma delas em 2020, quando agentes químicos foram detectados em sua roupa íntima.
Após sua morte, a família acusou o governo de assassinato, com apoio de países ocidentais. A Rússia nega envolvimento.
3. Yevgeny Prigozhin, ex-aliado de Putin
Yevgeny Prigozhin, chefe do grupo mercenário Wagner, morreu em agosto de 2023 na queda de um avião perto de Moscou. Ele tinha 62 anos e rompeu com Putin após acusar o governo russo de atacar posições do Wagner na Ucrânia.
Em junho daquele ano, Prigozhin liderou uma breve rebelião, tomou uma cidade e marchou rumo a Moscou. A crise foi encerrada por um acordo mediado por Belarus, com promessa de anistia aos envolvidos.
Dois meses depois, o avião em que estava explodiu. Militares dos EUA sugerem sabotagem; Moscou afirma que o caso ainda é investigado.
4. Alexander Litvinenko, ex-espião russo
Alexander Litvinenko, ex-agente do serviço secreto russo, foi envenenado com polônio-210 em Londres, em novembro de 2006. Após acusar o governo russo de conspiração e fugir para o Reino Unido, ele se tornou crítico de Putin e trabalhou para a inteligência britânica.
Litvinenko morreu após ingerir uma bebida contaminada e, em 2021, o Tribunal Europeu de Direitos Humanos responsabilizou a Rússia pela morte, ordenando indenização.
5. Pavel Antov, milionário russo
Pavel Antov, magnata e deputado regional do partido de Putin, foi encontrado morto em um hotel na Índia em dezembro de 2022, semanas após criticar a invasão da Ucrânia. Em julho, ele chamou os ataques russos a Kiev de “terrorismo”, mas depois pediu desculpas, reafirmando apoio a Putin.
Na Índia, Antov caiu de uma janela e morreu; dois dias antes, um amigo que o acompanhava também foi encontrado morto. A polícia suspeita de suicídio, possivelmente motivado pela depressão após a morte do amigo.
6. Ravil Maganov, presidente de petrolífera
Ravil Maganov, presidente da petrolífera russa Lukoil, morreu em setembro de 2022 após cair da janela de um hospital em Moscou.
Após o início da guerra, a Lukoil pediu o fim do conflito na Ucrânia. A empresa afirmou que Maganov morreu por doença grave, enquanto a mídia estatal sugeriu suicídio.
Ele trabalhou na Lukoil desde 1993 e assumiu a presidência em 2020.
7. Onda de mortes de magnatas
Desde a invasão da Ucrânia, vários magnatas e executivos russos morreram em circunstâncias suspeitas, muitas vezes registradas como suicídios, quedas ou mortes violentas. Muitos atuavam em setores estratégicos como petróleo, gás e bancos, e alguns criticaram publicamente a guerra. Confira alguns desses casos:
- Leonid Schulman, diretor da Gazprom: Foi encontrado morto no banheiro de sua residência em São Petersburgo. No local havia uma carta que indicava a versão de suicídio.
- Alexander Tyulyakov, vice-diretor da Gazprom: Foi encontrado enforcado em um chalé também na região de São Petersburgo.
- Andrei Krukovsky, diretor do resort da Gazprom: Tinha 37 anos e morreu após cair de um penhasco nos arredores de Sochi, no sul da Rússia.
- Mikhail Watford, magnata do petróleo: Foi encontrado enforcado na garagem de sua mansão no subúrbio de Londres.
- Sergei Protosenya, ex-executivo da Novatek: Foi encontrado morto ao lado da mulher e da filha em um povoado da Espanha em abril.
- Vasily Melnikov, ex-funcionário da empresa de equipamentos médicos MedStom: Foi encontrado morto em seu apartamento, no distrito de Volga, junto com a esposa e dois filhos de 4 e 10 anos.
- Vladislav Avaev, ex-vice-presidente do Gazprombank: O magnata e sua família foram encontrados mortos em Moscou.
- Kristina Baikova, vice-presidente do banco Loko-Bank: Morreu após cair do 11º andar de um prédio.