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Silenciados? As mortes enigmáticas de opositores e aliados de Vladimir Putin na Rússia

Morte de ministro demitido pelo presidente é o episódio mais recente de uma série de mortes em circunstâncias suspeitas. Relembre episódios marcantes.

Silenciados? As mortes enigmáticas de opositores e aliados de Vladimir Putin na Rússia | Foto: PAVEL ANTOV/VK, REUTERS/Maxim Shemetov e Lukoil/Divulgação
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Roman Starovoit, ex-ministro dos Transportes da Rússia, demitido por Vladimir Putin, foi encontrado morto nesta segunda-feira (7), em um caso tratado como suicídio pelo governo. Ele se junta a uma série de autoridades, magnatas e opositores ligados a Putin que morreram em circunstâncias suspeitas nos últimos anos.

Entre os casos mais notórios está o de Yevgeny Prigozhin, líder do grupo Wagner, que morreu em um acidente aéreo após romper com o presidente russo. A morte de Alexei Navalny, preso na época, também gerou repercussão. O governo russo alegou causas naturais, mas a família afirma que ele foi assassinado — Navalny já havia sobrevivido a um envenenamento.

Moscou nega envolvimento em mortes de opositores e frequentemente classifica os casos como suicídios, divulgados pela mídia estatal como “em investigação”.

1. Roman Starovoit, ministro demitido

Roman Starovoit em foto há exatamente um mês, no dia 7 de maio de 2025 — Foto: REUTERS/Maxim Shemetov/Foto de arquivo 

Roman Starovoit foi encontrado morto nos arredores de Moscou na segunda-feira (8), poucas horas após ser demitido do cargo de ministro dos Transportes. Segundo a imprensa russa, ele teria tirado a própria vida com uma pistola encontrada ao lado do corpo.

O Kremlin disse estar "chocado" com a morte. Starovoit havia assumido o ministério em maio de 2024, após quase cinco anos como governador da região de Kursk, onde enfrentou denúncias de corrupção. Sua posição já era considerada instável, e meses após sua saída de Kursk, tropas ucranianas cruzaram a fronteira.

2. Alexei Navalny, opositor de Putin

Foto de arquivo mostra Alexei Navalny durante protestos em 29 de fevereiro de 2020 — Foto: Pavel Golovkin/AP 

Alexei Navalny, principal opositor de Vladimir Putin, morreu em fevereiro de 2024, aos 47 anos, em uma colônia penal no Ártico. O governo russo alegou causas naturais, afirmando que ele passou mal durante uma caminhada e não resistiu, apesar das tentativas de reanimação.

Navalny ganhou destaque por denunciar corrupção no governo e chegou a ser pré-candidato à Presidência, mas foi impedido de concorrer. Ele sobreviveu a duas tentativas de envenenamento, uma delas em 2020, quando agentes químicos foram detectados em sua roupa íntima.

Após sua morte, a família acusou o governo de assassinato, com apoio de países ocidentais. A Rússia nega envolvimento.

3. Yevgeny Prigozhin, ex-aliado de Putin

Yevgeny Prigozhin lidera o Wagner, grupo usado por Putin na guerra na Ucrânia — Foto: Reuters 

Yevgeny Prigozhin, chefe do grupo mercenário Wagner, morreu em agosto de 2023 na queda de um avião perto de Moscou. Ele tinha 62 anos e rompeu com Putin após acusar o governo russo de atacar posições do Wagner na Ucrânia.

Em junho daquele ano, Prigozhin liderou uma breve rebelião, tomou uma cidade e marchou rumo a Moscou. A crise foi encerrada por um acordo mediado por Belarus, com promessa de anistia aos envolvidos.

Dois meses depois, o avião em que estava explodiu. Militares dos EUA sugerem sabotagem; Moscou afirma que o caso ainda é investigado.

4. Alexander Litvinenko, ex-espião russo

Retrato de Alexander Litvinenko em novembro de 1998, quando integrava o serviço de segurança russo FSB — Foto: Vasily Djachkov/Reuters/Arquivo 

Alexander Litvinenko, ex-agente do serviço secreto russo, foi envenenado com polônio-210 em Londres, em novembro de 2006. Após acusar o governo russo de conspiração e fugir para o Reino Unido, ele se tornou crítico de Putin e trabalhou para a inteligência britânica.

Litvinenko morreu após ingerir uma bebida contaminada e, em 2021, o Tribunal Europeu de Direitos Humanos responsabilizou a Rússia pela morte, ordenando indenização.

5. Pavel Antov, milionário russo

Antov fundou a empresa Vladimir Standard nos anos 2000 e se tornou um legislador conceituado na cidade de Vladimir — Foto: PAVEL ANTOV/VK 

Pavel Antov, magnata e deputado regional do partido de Putin, foi encontrado morto em um hotel na Índia em dezembro de 2022, semanas após criticar a invasão da Ucrânia. Em julho, ele chamou os ataques russos a Kiev de “terrorismo”, mas depois pediu desculpas, reafirmando apoio a Putin.

Na Índia, Antov caiu de uma janela e morreu; dois dias antes, um amigo que o acompanhava também foi encontrado morto. A polícia suspeita de suicídio, possivelmente motivado pela depressão após a morte do amigo.

6. Ravil Maganov, presidente de petrolífera

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, concede a Ordem de Alexander Nevsky a Ravil Maganov, executivo da companhia petrolífera russa Lukoil, em 25 de novembro de 2019 — Foto: Lukoil/Divulgação 

Ravil Maganov, presidente da petrolífera russa Lukoil, morreu em setembro de 2022 após cair da janela de um hospital em Moscou.

Após o início da guerra, a Lukoil pediu o fim do conflito na Ucrânia. A empresa afirmou que Maganov morreu por doença grave, enquanto a mídia estatal sugeriu suicídio.

Ele trabalhou na Lukoil desde 1993 e assumiu a presidência em 2020.

7. Onda de mortes de magnatas

Desde a invasão da Ucrânia, vários magnatas e executivos russos morreram em circunstâncias suspeitas, muitas vezes registradas como suicídios, quedas ou mortes violentas. Muitos atuavam em setores estratégicos como petróleo, gás e bancos, e alguns criticaram publicamente a guerra. Confira alguns desses casos:

  • Leonid Schulman, diretor da Gazprom: Foi encontrado morto no banheiro de sua residência em São Petersburgo. No local havia uma carta que indicava a versão de suicídio.
  • Alexander Tyulyakov, vice-diretor da Gazprom: Foi encontrado enforcado em um chalé também na região de São Petersburgo.
  • Andrei Krukovsky, diretor do resort da Gazprom: Tinha 37 anos e morreu após cair de um penhasco nos arredores de Sochi, no sul da Rússia.
  • Mikhail Watford, magnata do petróleo: Foi encontrado enforcado na garagem de sua mansão no subúrbio de Londres.
  • Sergei Protosenya, ex-executivo da Novatek: Foi encontrado morto ao lado da mulher e da filha em um povoado da Espanha em abril.
  • Vasily Melnikov, ex-funcionário da empresa de equipamentos médicos MedStom: Foi encontrado morto em seu apartamento, no distrito de Volga, junto com a esposa e dois filhos de 4 e 10 anos.
  • Vladislav Avaev, ex-vice-presidente do Gazprombank: O magnata e sua família foram encontrados mortos em Moscou.
  • Kristina Baikova, vice-presidente do banco Loko-Bank: Morreu após cair do 11º andar de um prédio.
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