A Rússia e a Turquia assinaram nesta quinta-feira (5) um acordo de cessar-fogo após o aumento da tensão entre os dois países gerada pelos recentes confrontos na província de Idlib, no norte da Síria. A medida passa a valer a partir da 0h desta sexta (horário local, 18h de quinta em Brasília).
Recentemente, militares turcos entraram em confronto com tropas sírias apoiadas pelo governo russo em Idlib. O regime de Bashar al-Assad na Síria tenta retomar o controle da província, um dos últimos redutos de milícias opositoras apoiadas pela Turquia. O confronto gerou uma crise migratória nas fronteiras com a Europa.
Os presidentes de Rússia e Turquia, Vladimir Putin e Recep Tayyip Erdogan, fizeram uma reunião que durou mais de seis horas. Ao fim, ambos anunciaram a trégua.
Além do cessar-fogo, ambos os presidentes também concordaram em estabelecer um corredor de segurança de 12 quilômetros ao longo de uma rodovia no norte da Síria. A região passará a ser patrulhada por militares russos e turcos a partir de 15 de março.
Entenda a crise no norte da Síria
Desde o início da Guerra Civil na Síria, a Turquia se colocou ao lado de grupos rebeldes ao governo de Bashar al-Assad — que, por sua vez, tem o apoio da Rússia. Essas milícias controlavam a província de Idlib, mas as tropas do governo sírio avançaram sobre a área nas últimas semanas.
Tanto a Rússia como a Turquia querem evitar um confronto aberto, mas os interesses conflitantes na província de Idlib dificultam a negociação entre os dois lados.
A tensão aumentou depois que uma série de ataques atribuídos a militares pró-Assad mataram soldados turcos. A Turquia, então, revidou a ofensiva — o que aumentou o temor de uma guerra entre Moscou e Ancara. Havia ainda uma preocupação extra pelo fato de a Turquia integrar a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), o que poderia levar a uma escalada global do conflito.