Protestos continuam no Egito, apesar de promessas do governo

Os atuais protestos começaram na sexta-feira na praça Tahrir, epicentro da rebelião do começo do ano.

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Mais de mil egípcios entraram nesta terça-feira no quinto dia seguido de protestos no centro do Cairo, depois de rejeitarem a proposta do governo por uma reforma ministerial e a declaração militar reiterando a promessa de transferir o poder aos civis.

"O conselho militar está seguindo as mesmas políticas do regime deposto", disse o professor Mohamed Abdel Waged, 43 anos, acampado há várias noites na praça Tahrir. Ele se referia à junta militar que assumiu o poder em fevereiro, depois da queda do presidente Hosni Mubarak por causa de uma rebelião popular.

Os atuais protestos começaram na sexta-feira na praça Tahrir, epicentro da rebelião do começo do ano, e ocorrem também nas cidades litorâneas de Alexandria e Suez.

A manifestação da sexta-feira passada reuniu dezenas de milhares de pessoas. Os manifestantes conclamaram mais egípcios a se juntarem a eles no protesto de terça-feira.

A turbulência política já afetou a Bolsa local, cujo índice de referência operava em baixa de 3,4 por cento no pregão da terça-feira.

O primeiro-ministro Essam Sharaf prometeu na segunda-feira reformular seu gabinete dentro de uma semana, mas os manifestantes disseram que isso não basta - eles exigem reformas mais aceleradas e que Mubarak e seus aliados sejam levados a julgamento.

Em nota lida pela TV, os militares repetiram a promessa de transferir o poder aos civis depois de eleições, e manifestaram seu "continuado apoio ao primeiro-ministro, assumindo todos os poderes dados pela Constituição e as leis". O Exército disse também que continua disposto ao diálogo com ativistas e grupos políticos.

Em Alexandria, os manifestantes entoaram coros contra o marechal Mohamed Hussein Tantawi, que foi ministro da Defesa de Mubarak por duas décadas, e agora comanda a junta militar.

"Marechal, por que você tem medo de um expurgo?", gritavam alguns participantes. "Sharaf, Sharaf, renuncie e beije as mãos do marechal", entoavam outros.

A Irmandade Muçulmana, mais organizado grupo político do Egito, participou da manifestação da sexta-feira passada, mas depois decidiu abandonar o protesto.

"O grupo suspendeu sua participação depois da sexta-feira, mas acho que vai emitir uma nota ainda hoje ou amanhã explicando sua reação ao discurso do primeiro-ministro", disse Walid Shalaby, coordenador de mídia do grupo.

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