Ativistas portugueses lançam uma campanha por legalização do trabalho sexual no país

Além do reconhecimento dos direitos trabalhistas, rede de associações quer acabar com discriminação.

Joana Sousa, que trabalha como prostituta, integra os esforços da campanha para legalizar o trabalho sexual. | UOL
Siga-nos no Seguir MeioNews no Google News

A Rede sobre Trabalho Sexual de Portugal, composta por 18 associações da sociedade civil portuguesa, e o GAT (Grupo Português de Ativistas sobre Tratamento da AIDS) lançam nesta terça-feira (09/10) uma campanha pela legalização do trabalho sexual no país. A iniciativa tem como objetivo o reconhecimento social e jurídico desses trabalhadores, que enfrentam discriminação da sociedade e do Estado.

?As pessoas que exercem atividades ligadas ao trabalho sexual são cidadãs que cumprem com os seus deveres e que, como consequência, deveriam se beneficiar dos mesmos direitos sociais e jurídicos que qualquer outra pessoa?, afirma o manifesto do grupo que propõe a criação de um estatuto legal do trabalho sexual à semelhança de outras profissões.

Atualmente, essas pessoas enfrentam condições precárias nas áreas da saúde, da segurança e dos direitos trabalhistas, não tendo acesso a benefícios como férias, afastamento por problemas médicos e aposentadoria. A legalização pretende transformar a situação e promover proteção e igualdade jurídica para os trabalhadores, além de reduzir os riscos de saúde.

A campanha, no entanto, não comporta apenas a esfera jurídica. Segundo o manifesto, a rede quer acabar também com o preconceito e o estigma com os quais grande parte dos portugueses enxerga os trabalhadores do sexo e nos quais se baseia a discriminação.

?Esta iniciativa nasce por considerarmos que o reconhecimento do trabalho sexual, nas suas distintas formas, e a dignificação das pessoas que o exercem é fundamental?, afirma o texto. ?Esta leitura redutora não ilustra a esmagadora maioria dos casos e apenas mantém na marginalidade, reforça o estigma e os episódios de discriminação sobre estas pessoas?, acrescenta.

Por essa razão, a campanha da rede teve início com a divulgação de um vídeo para desmistificar o perfil do trabalhador do sexo e sensibilizar a sociedade portuguesa para sua situação. Três mulheres, de diferentes idades e perfis, e um homem aparecem na frente da câmera com roupas comuns e contam sobre seus gostos e expectativas como qualquer outro português.

Enquanto que a jovem diz cursar medicina, a outra mulher conta que seu maior desejo é o bem de seus filhos. O espectador apenas consegue perceber que os personagens estão no ramo do sexo no último momento, quando o vídeo revela seus nomes e profissões: prostituta, operadora de linha erótica, striper e atriz pornô.

?Férias?, ?reforma?, ?não ter que esconder o meu trabalho? e ?reconhecimento?, esses são os pedidos dos trabalhadores do sexo.

Veja Também
Tópicos
SEÇÕES