Político da China é condenado à prisão perpétua por corrupção

Xi prometeu caçar tanto os “tigres” do alto escalão como as “moscas” em sua luta contra um problema difundido que, segundo ele, pode ameaçar inclusive o regime do Partido Comunista.

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Um ex-vice-chefe da principal agência de planejamento da China foi condenado à prisão perpétua, nesta quarta-feira (10), por um escândalo de propinas que expôs a corrupção nos altos níveis do governo e envolveu várias empresas, incluindo a Toyota Motor Corp.

A sentença, anunciada por um tribunal perto de Pequim, selou o destino de Liu Tienan, que foi demitido do cargo de vice-chefe da Comissão de Desenvolvimento Nacional e Reforma no ano passado, uma posição com status de ministro.

Liu foi a primeira autoridade com nível ministerial a encarar uma investigação depois que Xi Jinping se tornou o líder do Partido Comunista no final de 2012 e lançou a mais agressiva campanha anticorrupção na China em décadas.

Xi prometeu caçar tanto os "tigres" do alto escalão como as "moscas" em sua luta contra um problema difundido que, segundo ele, pode ameaçar inclusive o regime do Partido Comunista.

Analistas têm se dividido sobre a motivação da campanha de Xi. Alguns avaliam que serve como instrumento para a remoção de oponentes do líder chinês, enquanto outros dizem que é necessário afastar autoridades que fiquem no caminho da implementação das reformas econômicas.

Em um julgamento sem ligação realizado também nesta quarta na cidade de Guangzhou, no sul, Zhang Xinhua, ex-gerente-geral da estatal Corporação Industrial e Agrícola de Baiyun, foi condenado à morte por envolvimento em casos de suborno e apropriação indébita no valor de 65 milhões de dólares, disse a agência estatal de notícias Xinhua.

"REMORSO DOLOROSO"

O julgamento de Liu possibilitou um vislumbre da quantidade de poder nas mãos de altos dirigentes, especialmente da Comissão de Desenvolvimento Nacional e Reforma. A agência estabelece políticas para indústrias estratégicas, aprova grandes investimentos, fusões e aquisições, e tem autoridade para influenciar os preços de tudo, de bebidas a gasolina.

O juiz presidente da corte da cidade de Langfang, na província de Hebei, disse que Liu "violou a integridade das funções dos trabalhadores da nação".

Os promotores acusaram Liu e seu filho, Liu Decheng, de terem recebido 35,6 milhões de iuanes (5,74 milhões de dólares) em suborno em negociações com várias empresas.

A campanha chinesa contra a corrupção se ampliou para grandes empresas como laboratórios, companhias aéreas e fabricantes de equipamentos médicos.

Liu, de 60 anos, confessou em setembro ter recebido propina envolvendo diversas empresas, incluindo uma joint venture da Toyota.

A Suprema Procuradoria Popular não respondeu a questionamentos sobre investigação das empresas. As companhias não puderam ser contatadas para comentar.

A televisão estatal mostrou Liu chorando no tribunal. Ele disse que está em "estado de remorso doloroso" durante os 10 meses de investigação. "Cada pergunta e cada palavra tem, de fato, sido como um chicote batendo na minha alma", disse.


O governo da China também lançou uma série de investigações no setor de energia, que resultou na queda de várias autoridades da Administração Nacional de Energia e da empresa estatal China National Petroleum Corporation (CNPC).

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