Durante discurso ao Corpo Diplomático no Vaticano, o Papa Leão XIV afirmou nesta sexta-feira (16) que a base de uma sociedade civil equilibrada começa pela valorização da família, “fundada na união estável entre o homem e a mulher”. A declaração foi recebida como um gesto de aproximação com setores mais conservadores da Igreja Católica e da política global. Com informações do Vatican News.
Por outro lado, Leão também defendeu a dignidade dos imigrantes, o diálogo interreligioso e a liberdade religiosa e renovou seus apelos pelo fim das guerras.
HARMONIA E PAZ
Segundo o Pontífice, é responsabilidade dos governantes trabalhar para construir sociedades civis harmoniosas e pacíficas. “Isto pode ser feito, principalmente, investindo na família, fundada na união estável entre o homem e a mulher, uma sociedade muito pequena certamente, mas real e anterior a toda a sociedade civil”.
Diplomacia e princípios sociais
O discurso de Leão XIV à comunidade diplomática não se restringiu às questões de família. O Papa também defendeu três pilares como guias para a ação da Santa Sé: paz, justiça e verdade.
Sobre a paz, o Pontífice afirmou que ela “constrói-se no coração e a partir do coração”, ao criticar o ciclo permanente de conflitos — tanto entre nações quanto no cotidiano das pessoas. Ele chamou a atenção para o papel das religiões e do diálogo inter-religioso na construção de ambientes pacíficos e pediu o fim da corrida armamentista global.
Ao abordar a justiça, Leão XIV lembrou a inspiração em Leão XIII, autor da primeira grande encíclica social da Igreja. E reforçou que cabe aos governos “construírem sociedades civis harmoniosas e pacíficas”, sem ignorar os mais vulneráveis, como imigrantes, desempregados, doentes e nascituros.
Já sobre a verdade, pontuou que “Não é possível construir relações verdadeiramente pacíficas, mesmo no seio da comunidade internacional, sem a verdade. Quando as palavras assumem conotações ambíguas e ambivalentes e o mundo virtual, com a sua percepção alterada da realidade, toma a frente sem medida, é difícil construir relações autênticas, uma vez que se perdem as premissas objetivas e reais da comunicação".
O Papa criticou o uso distorcido da linguagem e o impacto das realidades virtuais sobre a percepção coletiva dos fatos. Ele também citou desafios contemporâneos, como as migrações e o uso ético da inteligência artificial.
Aceno à esperança e reconciliação
O discurso foi encerrado com uma convocação à esperança. Leão XIV afirmou que seu pontificado começa em um ano jubilar e que vê este momento como “uma oportunidade para deixar para trás os conflitos e iniciar um novo caminho”. Ao mencionar regiões em crise como a Ucrânia e a Terra Santa, ele defendeu que todos, dentro de suas responsabilidades, contribuam para um mundo mais justo e pacífico.