Ao consolar um menino cujo cachorro havia morrido, o papa Francisco surpreendeu mais uma vez: "Um dia, nós veremos nossos animais novamente na eternidade de Cristo. O Paraíso está aberto a todas as criaturas de Deus."
A frase foi dita numa recente aparição pública na Praça de São Pedro, no Vaticano, e reproduzida pela mídia italiana.
Segundo reportagem do jornal The New York Times, a declaração do papa teve forte repercussão junto a ativistas de ONGs de proteção aos direitos dos animais, como The Humane Society e Peta (People for the Ethical Treatment of Animals).
"Minha caixa de mensagens foi inundada. Quase imediatamente todo mundo estava falando sobre o assunto", disse Christine Gutleben, diretora da Humane Society, o maior grupo de proteção aos animais dos Estados Unidos, ao Times.
"Se o papa quis dizer que todos os animais vão para o paraíso, então isto implica que eles têm alma. E, se isso é verdadeiro, então devemos repensar seriamente em como os tratamos", afirmou Christine.
"Não sou estudiosa do catolicismo, mas o mantra da Peta é que os animais não são nossos (dos homens), eles são de Deus", afirmou Sarah Withrow King, diretora da ONG Peta.
O jornal perguntou a um professor de ética cristã se a frase do papa poderia estimular um novo debate sobre se os animais têm alma, sofrem e vão para o céu: "Em uma palavra: sim", respondeu Charles Camosy, da Fordham University.
Mas, de acordo com teólogos ouvidos pelo Times, Francisco falou de forma casual, sem a intenção de fazer uma declaração doutrinária. "Ele estava apenas nos lembrando que toda criação é sagrada e que o paraíso está aberto a todas as criaturas. Francamente, concordo com ele", afirmou o padre jesuíta James Martin ao Times.
O New York Times salientou que a questão sobre se animais vão para o paraíso já foi muito debatida na história da Igreja Católica.
Segundo o jornal, o papa Pio 9, que liderou a igreja de 1846 a 1878, sempre defendeu a doutrina de que cachorros e outros animais não têm consciência.
Já o papa João Paulo 2º proclamou que animais têm alma e "estão tão próximos de Deus quanto os homens".
Por fim, o papa Bento 16 teria rejeitado a ideia ao dizer, em um sermão, que, quando um animal morre, "isto significa apenas o fim da existência na Terra".
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