Um dia após o anúncio histórico do governo britânico reconhecendo oficialmente o Estado da Palestina, foi inaugurada nesta segunda-feira (22), em Londres, a primeira embaixada palestina no Reino Unido. A cerimônia transformou o antigo escritório de representação em missão diplomática plena.
A fala palestina
Durante o evento, o representante palestino Husam Zomlot hasteou a bandeira da Palestina e celebrou o momento como reparação histórica:
“Trata-se de pôr fim à negação do direito inalienável do povo palestino à liberdade e à autodeterminação. E é o reconhecimento de uma injustiça histórica. Senhoras e senhores, a Palestina existe. Sempre existiu e sempre existirá”, afirmou.
Reconhecimento britânico
O anúncio britânico foi feito no domingo (21) pelo primeiro-ministro Keir Starmer, que destacou o objetivo de retomar a esperança de paz no Oriente Médio:
“Hoje, o Reino Unido reconhece formalmente o Estado da Palestina para reviver a esperança de paz entre palestinos e israelenses, e uma solução de dois Estados”, disse em publicação na rede X.
Com a decisão, o Reino Unido se juntou a mais de 140 países que já haviam oficializado esse reconhecimento, incluindo Espanha, Noruega, Eslovênia e Brasil. Reino Unido e Canadá se tornaram os primeiros integrantes do G7 a adotar essa postura.
Canadá e Austrália também reconhecem
No mesmo dia, o primeiro-ministro canadense, Mark Carney, anunciou que seu país também reconhece a Palestina:
“O Canadá reconhece o Estado da Palestina e oferece sua colaboração para construir a promessa de um futuro pacífico, tanto para o Estado da Palestina como para o Estado de Israel.”
Pouco depois, foi a vez do governo australiano. O premiê Anthony Albanese declarou que o ato reflete um compromisso histórico da Austrália com a solução de dois Estados.
Contexto internacional
Desde 2024, uma onda de novos reconhecimentos tem reforçado a pressão internacional sobre Israel. Espanha, Irlanda, Noruega e Eslovênia quebraram uma década de impasse europeu e ampliaram o bloco de apoio à Palestina. Nas Américas, Brasil, Chile, Argentina, Colômbia e Bolívia já formalizaram posições semelhantes.
Hoje, cerca de 80% dos 193 membros da ONU reconhecem o Estado palestino. A tendência cresceu em meio à guerra em Gaza e à expansão de assentamentos israelenses na Cisjordânia.
Reações divergentes
A decisão do Reino Unido foi criticada por Israel, que considera o gesto um incentivo ao terrorismo e ao Hamas. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, também se manifestou contrário.
Apesar das críticas, países como França, Bélgica e Portugal já sinalizaram que podem seguir o mesmo caminho em breve, ampliando ainda mais a pressão por negociações que tornem viável a criação de dois Estados no Oriente Médio.