O número de passageiros mortos na colisão de um trem contra a plataforma nesta quarta-feira (22) em Buenos Aires, capital da Argentina, subiu para 50 na madrugada desta quinta-feira (23), de acordo com o governo local. Há ainda 676 feridos, sendo cerca de 200 em estado grave.
Daniel Russo, da Defesa Civil, e Alberto Crescenti, chefe dos serviços de emergência da cidade, disseram que o número de vítimas pode subir. O acidente ocorreu às 8h36 locais (9h36 de Brasília), quando o trem estava cheio.
Os trabalhos de resgate continuavam durante a madrugada desta quinta. Pelo menos 20 ambulâncias foram enviadas ao local para resgatar as vítimas.
Mais de 15 horas depois do acidente, dezenas de pessoas continuam tentando localizar familiares e amigos que viajavam no trem acidentado.
Policiais e autoridades informaram que, possivelmente, a composição perdeu os freios e saltou dos trilhos na hora em que entrava na plataforma da estação, uma das mais movimentadas da cidade.
O acidente
O acidente aconteceu às 8h30 locais (9h30 de Brasília) desta quarta-feira (22), quando um trem procedente da cidade de Moreno, em Buenos Aires, não conseguiu frear e se chocou contra uma plataforma na estação de Once, uma das três mais importantes e movimentadas da capital argentina.
O comboio, composto por oito vagões, levava cerca de 1.500 passageiros, em sua maioria trabalhadores que estavam a caminho do trabalho.
"O trem entrou na estação Once a 26 quilômetros por hora... acreditamos que houve algum defeito nos freios", disse o secretário de Transportes, Juan Pablo Schiavi, segundo a Telám.
A TV local mostrou o resgate do maquinista, que havia ficado preso entre os ferros retorcidos da locomotiva.
Feridos eram retirados de maca da estação e levados aos hospitais.
"Há gente com fraturas e ensanguentada. Os enfermeiros não dão conta", disse à TV local um passageiro que se identificou como Ezequiel.
"O trem vinha lotado. O impacto foi tremento. Eu vinha no vagão onde se pode levar a bicicleta. As pessoas estavam desesperadas para sair", disse.
"Senti o estalo do choque. Foi um barulho muito forte. O trem não freou. Vi gente machucada no colo, braços, pernas", informou à TV Pedro Fuentes, um dos passageiros.
Myriam, outra passageira, contou à rádio Plata o que aconteceu: "estava com meus filhos de 6 e 4 anos. Em um piscar de olhos estávamos no chão. Nem sei como saímos".
Centenas de milhares de pessoas viajam de trem dos subúrbios para a capital da Argentina diariamente.
Mónica Slotauer, responsável pela limpeza da linha Sarmiento, afirmou que "os freios falharam por causa da falta de investimento" nesta linha férrea.
A linha ferroviária urbana Sarmiento opera com intensidade em uma distância de até 70 km e transporta diariamente a cerca de meio milhão de pessoas.
Os trens utilizados pela empresa são da década de 1960.
Os serviços ferroviários sucateados e lotados, operados por empresas privadas e fortemente subsidiados pelo Estado, são marcados por acidentes e atrasos.
O último acidente ferroviário ocorrido na Argentina aconteceu em 18 de dezembro passado, quando uma locomotiva se chocou contra um trem repleto de passageiros parado numa estação da periferia sul da capital, com 17 feridos.
Em 13 de setembro de 2011, nove pessoas morreram e 212 ficaram feridas no choque entre dois trens e um ônibus numa passagem de nível do bairro metropolitano de Flores, a oeste, em um dos episódios mais graves dos últimos anos.
A presidente Cristina Kirchner suspendeu uma entrevista que concederia sobre o estado do conflito com o Reino Unido pelas Ilhas Malvinas.