A Justiça do Catar condenou uma jovem holandesa por manter relações sexuais fora do casamento depois de ela ter feito uma denúncia de estupro à polícia.
A mulher, de 22 anos, recebeu uma sentença com suspensão condicional, dispositivo em que o condenado só é preso se descumprir a lei durante um período probatório, foi multada em US$ 824 (R$ 2,8 mil) e será deportada do país.
A jovem está presa desde que fez a denúncia de estupro, em março. O caso só foi divulgado no último fim de semana, quando a família dela resolveu ir à público.
Segundo o advogado da jovem, alguém colocou algo em sua bebida em um hotel de Doha. Depois, ela teria acordado em um quarto e percebido que tinha sido estuprada.
O homem acusado do crime argumentou que o sexo foi consensual e foi condenado a receber cem chibatadas por manter relações sexuais fora do casamento e a outras 40 por ter consumido bebida alcoólica.
De acorco com o advogado da jovem, ela passava as férias no Catar, e foi com uma amiga para ao bar de um hotel onde a venda de bebidas alcoólicas é permitida.
"Ela foi dançar e, quando voltou para a mesa, percebeu logo depois do primeiro gole que alguém tinha colocado alguma coisa em sua bebida", afirmou.
A mulher disse que não se sentiu bem e, mais tarde, acordou sozinha em um apartamento desconhecido, "percebendo, horrorizada, que tinha sido estuprada",acrescentou o advogado.
Lei
O código penal do Catar diz que "Quem copular com uma mulher com mais de 16 anos sem necessidade, coação ou armadilha será punido com prisão por até sete anos. E mesma pena será imposta à mulher por ter consentido".
De acordo com informações divulgadas pela imprensa, dezenas de pessoas condenadas por relações sexuais fora do casamento foram sentenciadas ao açoitamento desde 2004.
O caso da holandesa não foi o primeiro em que uma mulher acabou sentenciada após fazer uma denúncia de estupro em um dos países da região.
Em 2013, uma norueguesa foi sentenciada a 16 meses na prisão nos Emirados Árabes Unidos por falso testemunho, sexo fora do casamento e consumo de bebida alcoólica depois de fazer uma acusação semelhante - ela acabou perdoada e recebeu permissão para voltar a seu país.
Casos como esses levantam questões sobre como as autoridades do Catar vão lidar com os milhares de turistas de países ocidentais que devem visitar o país durante a Copa do Mundo de 2022.