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Não é só petróleo: entenda os interesses dos EUA na ofensiva contra a Venezuela

Não é só petróleo: entenda os interesses dos EUA na ofensiva contra a Venezuel

entenda os interesses dos EUA na ofensiva contra a Venezuela | Foto: Reprodução
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A intensificação da pressão dos Estados Unidos sobre a Venezuela, incluindo sanções, apreensão de navios e ameaças de intervenção militar, vai além do discurso oficial de combate ao narcotráfico. Segundo especialistas em política internacional, interesses econômicos e geopolíticos, como o petróleo, a influência chinesa e a estratégia dos EUA na América Latina, explicam a postura do presidente Donald Trump em relação ao governo de Nicolás Maduro.

Entenda os interesses dos EUA na ofensiva contra a Venezuela - Foto: Reprodução

O governo norte-americano afirma que as ações buscam enfraquecer rotas do tráfico de drogas e conter grupos criminosos associados ao regime venezuelano. Washington também classifica Maduro como líder de um governo corrupto e sustenta que as medidas são necessárias para a segurança regional. Em resposta, o presidente venezuelano acusa os EUA de promoverem uma tentativa de golpe, chamando as interceptações de embarcações de “roubo descarado” e “pirataria naval criminosa”.

De olho no petróleo

A Venezuela detém a maior reserva comprovada de petróleo do mundo, com cerca de 303 bilhões de barris, segundo a Energy Information Administration (EIA). Embora grande parte do petróleo seja extra-pesado e exija alto investimento tecnológico, especialistas apontam que o combustível é adequado às refinarias dos EUA, especialmente na Costa do Golfo. Para o professor Marcos Sorrilha, da Unesp, o interesse de Trump passa pela redução dos preços internos dos combustíveis, aliviando o custo de vida nos Estados Unidos.

Trabalhadores venezuelano extraindo petróleo - Foto: PDVSA 

As sanções impostas por Washington dificultam a exportação e o armazenamento do petróleo venezuelano. Reportagem da Bloomberg News indicou recentemente que Caracas enfrenta limitações para estocar a produção, em razão do bloqueio a navios petroleiros. Ao pressionar o principal setor da economia venezuelana, os EUA atingem uma das bases de sustentação do governo Maduro.

China no centro da disputa

Outro fator decisivo é a relação estratégica entre Venezuela e China. Após as sanções de 2019, Pequim tornou-se o principal destino do petróleo venezuelano, recebendo cerca de 68% das exportações em 2023, segundo a EIA (Agência de Informações de Energia). A China também concedeu quase US$ 50 bilhões em empréstimos ao país sul-americano, garantidos por petróleo. Para especialistas da FGV e economistas ouvidos, conter a expansão da influência chinesa na América Latina é uma prioridade para Trump.

Presidente Chinês Xi Jinping e o Presidente venezuelano Nicolás Maduro - Foto: Xinhua

Além da energia, há o interesse em ampliar a presença de empresas norte-americanas na Venezuela. O professor Marcos Sorrilha lembra que setores da oposição venezuelana defendem a abertura do mercado a companhias dos EUA. Esse movimento se conecta à retomada da Doutrina Monroe, citada na nova estratégia de política externa da Casa Branca, que reafirma a América Latina como área prioritária para a segurança e prosperidade dos Estados Unidos, buscando afastar rivais estratégicos da região

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