Ayan Mohamed usa um niqab para cobrir o rosto, não por motivos religiosos, mas para esconder aquilo que lhe causa vergonha e tristeza.
?Ela usa a peça para cobrir a deformidade. Ela cobre porque as pessoas olhavam e muitas crianças choravam quando a viam?, diz Edna Adan Ismail, ex-ministra das Relações Exteriores da Somália. ?Não é algo fácil de olhar?, complementou.
Ismail fundou a primeira maternidade da região, o Hospital Universitário Edna Adan. A instalação é agora uma clínica geral bastante movimentada, que busca ajudar inúmeras pessoas.
Ela tentou, por 11 anos, encontrar alguém que pudesse recuperar e reparar o rosto de Ayan que foi dilacerado por estilhaços durante a guerra civil do país. Ela tinha apenas dois anos de idade quando tudo aconteceu.
Hoje, ela tem 25 anos e não consegue fechar seu olho direito. A alimentação cai do buraco da bochecha quando tenta comer. Felizmente, ao longo dos anos, ela aprendeu a lidar com as perguntas embaraçosas que as pessoas sempre faziam.
"A coisa mais difícil para ela é quando alguém pergunta o que aconteceu com seu rosto", disse Ismail, traduzindo as palavras suavemente faladas por Ayan.
Elas viajaram para uma conferência de imprensa em Brisbane, na Austrália, onde conseguiram a ajuda de voluntários que resolveram mudar sua vida, oferecendo uma cirurgia restauradora.
O cirurgião oral e maxilofacial, Dr. John Arvier, do Hospital Wesley, explica que a extensão do dano é enorme e que será um longo trabalho para corrigir sua face, mas será possível realizar o procedimento. Além disso, o médico ofereceu o serviço gratuitamente.