O Tribunal Penal do Cairo considerou o ex-presidente do Egito, Hosni Mubarak, culpado de implicação no massacre de manifestantes durante a revolta de janeiro de 2011, que terminou na sua renúncia, e o condenou à prisão perpétua. A sentença foi lida neste sábado (2) pelo juiz Ahmed Refaat.
Também foi condenado à prisão perpétua o ex-ministro do Interior Habib al-Adli pela mesma acusação, enquanto seis de seus ajudantes acabaram absolvidos por falta de provas, segundo o tribunall.
Por outro lado, a corte absolveu Mubarak, seus dois filhos, Alaa e Gamal, e o empresário Hussein Salem, processado à revelia, das acusações de enriquecimento ilícito e danos aos fundos públicos por considerar que esses delitos prescreveram.
Mubarak, com óculos escuros e em uma maca, escutou impassível a leitura da sentença. Houve incidentes depois de lida a sentença, pelo que os agentes de segurança intervieram.
O chamado "julgamento do século" no Egito começou em 3 de agosto de 2011, após a detenção de Mubarak e de seus filhos em abril desse mesmo ano na localidade litorânea de Sharm el-Sheikh.
O processo, com um expediente de 60 mil páginas, se desenvolveu ao longo de 49 sessões, que, ao todo, somaram 250 horas, lembrou Refaat.
Mubarak chegou à Academia de Polícia, sede do tribunal, às 9h27 locais (4h27 de Brasília). Assim como em algumas ocasiões anteriores, o ex-mandatário foi levado de helicóptero desde o Centro Médico Internacional do Cairo, onde está hospitalizado, à Academia de Polícia, também na capital.
A emissora mostrou imagens da aterrissagem do helicóptero na Academia de Polícia e da ambulância que o transportou desde a aeronave à entrada da sala onde acontece o julgamento.
Também foi possível ver Mubarak, com óculos escuros, sendo tirado da ambulância em uma maca e levado para dentro da sede do tribunal.
A Promotoria pediu a pena de morte para o ex-chefe de Estado por supostamente ter ordenado a Adli que disparasse contra os manifestantes pacíficos durante a revolução.
Centenas de policiais, apoiados por blindados do Exército, permanecem na Academia de Polícia.
Antes do julgamento, manifestantes partidários e detratores de Mubarak se concentraram no lugar. Alguns dos simpatizantes do ex-presidente levam retratos de Mubarak, que foi chefe do Estado egípcio durante três décadas.