Muammar Gaddafi pode ficar na Líbia se renunciar, diz rebelde

Não houve resposta imediata de Trípoli aos comentários de Abdel Jalil, mas Gaddafi até agora não deu sinais de que vai recuar

Muammar Gaddafi teve mandado de prisão emitido por crimes contra a humanidade durante a repressão à revolta popular | Reprodução
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O chefe dos rebeldes da Líbia disse à agência Reuters neste domingo que o líder Muammar Gaddafi foi convidado a ficar no país desde que renuncie formalmente e aceite a supervisão internacional de todos os seus movimentos.

Rebeldes líbios e seus aliados do Ocidente rejeitaram qualquer solução para o conflito que não inclua a renúncia de Gaddafi, dizendo que ele deve deixar o poder antes do início de negociações de paz.

Gaddafi tem resistido aos apelos internacionais, prometendo lutar até o fim.

Falando de seu reduto, em Benghazi, o líder rebelde Mustafa Abdel Jalil - ex-ministro da Justiça de Gaddafi - afirmou que fez a proposta há cerca de um mês, por dmeio da ONU (Organização das Nações Unidas), mas ainda não recebeu qualquer resposta da capital Trípoli.

"Como solução pacífica, oferecemos que ele pode renunciar e ordenar seus soldados que deixem seus quartéis e posições, e então ele pode decidir se vai ficar na Líbia ou viajar para outro país," afirmou.

"Se ele desejar ficar na Líbia, determinaremos um lugar e será sob supervisão internacional. E haverá supervisão internacional de todos os seus movimentos," disse.

Ele acrescentou: "Fizemos essa proposta por meio de um enviado da ONU. Não recebemos resposta." Ele disse que o conselho rebelde acredita que Gaddafi pode ser mantido em um quartel militar ou em um "prédio civil" na Líbia, mas não deu detalhes.

Não houve resposta imediata de Trípoli aos comentários de Abdel Jalil, mas Gaddafi até agora não deu sinais de que vai recuar. Ele diz ser o líder legítimo da nação e não deixará Trípoli sem lutar.

IMPASSE

O conflito aparenta estar em um impasse militar e político, apesar de medidas das potências internacionais para intensificar os bombardeios contra instalações de Gaddafi em todo o país.

Com a guerra se arrastando pelo quinto mês, alguns países agiram para tentar mediar uma solução que seria boa para os rebeldes e o governo. Até agora, essas iniciativas falharam.

Elevando o tom retórico, Gaddafi ameaçou atacar europeus em suas casas em resposta às ofensivas aéreas da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte).

Os rebeldes em Benghazi, uma cidade mediterrânea agora recheada com bandeiras da Otan e da época da monarquia líbia, dizem que o fim do governo de Gaddafi, que já dura 41 anos, está próximo.

Sentado sob uma gigante bandeira dos rebeldes em seu modestamente mobiliado escritório no centro de Benghazi, Abdel Jalil não mostrou grande reação quando perguntado se ele se via como futuro líder do país.

"Não. Não espero estar nessa posição. Eu estou aqui para o período de transição," disse. "O líder será decidido em futuras eleições. E eu não pretendo concorrer."

VISÃO DOS REBELDES

Abdel Jalil conseguiu o respeito de muitos líbios do leste do país pela oposição a Gaddafi, devido ao tratamento rígido que o líder dá a seus oponentes políticos.

Ele renunciou de seu posto ministerial no começo da revolta, quando viu o uso excessivo de violência sobre os manifestantes que protestavam contra Gaddafi.

Visto também como um "construtor de consenso," que já tinha anteriormente inclinação para negociações, ele afirmou que a autoridade rebelde foi escolhida para dar uma chance para que as conversas fluíssem.

"Nós saudamos soluções políticas para acabar com o derramamento de sangue e evitar maiores devastações e danos para o país," disse. "Mas, se não acharmos solução, vamos nos concentrar em ações militares."

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