Uma menina que foi atropelada por dois veículos na China e ignorada por 18 pessoas que passaram a seu lado morreu em decorrência dos ferimentos. O hospital onde Yue Yue, de dois anos, estava internada disse que ela sofreu falência múltipla dos órgãos. Imagens divulgadas pela TV chinesa mostraram a menina sangrando, desmaiada, em uma rua movimentada da cidade de Foshan e causaram choque e revolta no país.
Câmera de Segurança
As imagens, captadas por uma câmera de segurança no local, registraram o momento em que a menina caminhava pelo mercado, antes de ser atingida por um furgão.
O furgão para por um momento, mas continua sem dar assistência à menina, que fica caída no chão. Ao longo de sete minutos, ela é ignorada por 18 pessoas que passam pelo local e ainda é atropelada por um segundo veículo.
A menina foi finalmente resgatada por uma catadora de lixo e levada a um hospital, gravemente ferida. Sua situação chegou a se estabilizar, mas os médicos já haviam diagnosticado morte cerebral.
A polícia prendeu os motoristas dos veículos, que disseram não ter visto a menina.
Os pais da menina são proprietários de uma loja no mercado. Segundo o jornal chinês China Daily, a menina teria se afastado da mãe enquanto ela ia a uma lavanderia.
Internet
O caso, que ocorreu na quinta-feira da semana passada, gerou milhões de mensagens e discussões na internet na China e ao redor do mundo. Muitas delas questionam os valores morais dos chineses.
"A sociedade está seriamente doente. Nem mesmo gatos e cachorros deveriam ser tratados dessa maneira", diz um comentário no microblog chinês Weibo.
Outros comentários sugeriram que os transeuntes temeriam ser responsabilizados pelo ocorrido se ajudassem a menina. Eles citam o caso de um homem que tentou ajudar uma idosa que sofreu um tombo e acabou sendo processado, aparentemente porque sua intervenção teria violado as regras do governo sobre como lidar com vítimas de acidentes.
Mudança de lei
Depois do caso de Yue Yue, o governo da província de Guangdong, sul da China, está discutindo a introdução de uma lei que tentaria forçar a solidariedade ao obrigar as pessoas a ajudar outras em situação de sofrimento.
Segundo o correspondente da BBC em Pequim, Michael Bristow, a discussão da medida mostra o nível de indignação que o caso gerou na China, mas pesquisas de opinião online sugerem que a maioria é contra a introdução da lei.
As organizações em Guangdong também estão buscando outras formas de estimular as pessoas a agir com mais compaixão em situações de emergência.
O comitê jurídico e de governo da província está usando sua página de microblogging para reunir opiniões sobre como "guiar atos de coragem para causas justas" e promover a "moral social".