Armita Geravand, uma adolescente iraniana, morreu na madrugada deste sábado (28) após ter sido hospitalizada e entrar em coma depois que foi agredida pela chamada polícia moral do Irã no último dia 1º, conforme divulgado pela IRNA, a agência de notícias oficial do regime.
Registros de câmeras de segurança revelam que Armita, com 16 anos, foi retirada desacordada de um vagão de metrô na capital Teerã no início do mês. O caso teria ocorrido devido à alegada não conformidade com o uso do véu islâmico, conhecido como hijab.
Diversos grupos de direitos humanos, como o Hengaw, que representa a comunidade curdo-iraniana, denunciaram o caso e compartilharam imagens da jovem em coma com a cabeça enfaixada. Eles alegam que a adolescente foi agredida e gravemente ferida por agentes da instituição responsável por aplicar o código de conduta iraniano, embora as autoridades locais neguem tais acusações.
Os pais de Armita expressaram à mídia estatal que o coma de sua filha poderia estar relacionado a problemas de pressão arterial ou a uma queda que ela possa ter sofrido.
O trágico episódio ocorre em meio a uma escalada de repressão por parte da polícia moral iraniana, após manifestações desencadeadas pela morte de Masha Amini, supostamente vítima de agressão policial devido ao uso inadequado do véu islâmico. Esses protestos levaram à detenção de milhares de pessoas.
Desde 1979, o Irã impôs restrições às vestimentas femininas, tornando obrigatório o uso de roupas longas e a cobertura do cabelo. As infrações podem resultar em repreensão pública, multas ou prisão.
Em resposta a essa imposição, mais mulheres têm sido vistas em locais públicos sem o véu, o que levou as autoridades a aumentar a vigilância por meio da instalação de mais câmeras nas ruas. A repressão contra essas mulheres tem se intensificado, como evidenciado pela legislação aprovada em setembro, que torna o uso das vestimentas obrigatório dentro de automóveis e permite multas e proibições de viagem para empresários cujas funcionárias não cumpram a regra.
Para conter possíveis protestos, as autoridades iranianas aumentaram a presença policial nas ruas e impuseram restrições ao acesso à internet, incluindo o bloqueio de páginas durante a noite.
Em um gesto de apoio às mulheres iranianas, o Prêmio Nobel da Paz de 2023 foi concedido à ativista Narges Mohammadi, de 51 anos, atualmente detida em Teerã, em reconhecimento a seu compromisso com a luta das mulheres pelo direito a uma vida digna. Essa luta, em todo o Irã, tem enfrentado perseguição, prisões, torturas e até mortes.