O mineiro Omar Reygadas, de 56 anos, resgatado na semana passada após permanecer 69 dias preso a cerca de 600 metros de profundidade no norte do Chile, disse que não conseguiu dormir direito desde que voltou à superfície.
Em entrevista exclusiva à BBC Mundo, Reygadas, o 17º dos 33 mineiros resgatados, reconheceu que ainda tem que "acertar" o sono.
"Faz uns quatro dias que não durmo. Durmo tipo uma hora e já acordo. Me assusto, e o sono passa, realmente."
Reygadas revelou também que se sente um homem "renascido" depois da traumática experiência.
Lágrimas na escuridão
Profundamente religioso, Reygadas credita a Deus o surpreendente bom estado de saúde dos 33 sobreviventes, mas admite que "falta um pouquinho" para se recuperar psicologicamente.
O mineiro também falou sobre a experiência de escrever cartas para a família na escuridão da mina.
"Até tive cartas que ficaram borradas porque caíram algumas lágrimas."
Apesar do trauma, Reygadas diz considerar a mineração a sua vida e que pretende voltar a trabalhar nos subterrâneos chilenos.
O sonho do minerador, no entanto, é poder transmitir a gerações futuras a experiência que teve e conscientizar as pessoas "para que tenham consciência de que o mineiro é um ser humano."