O mexicano Edgar Arias Tamayo, cuja execução está programada para 22 de janeiro em uma prisão do Texas, nos Estados Unidos, enviou uma mensagem de despedida a familiares e amigos. O texto está em uma carta dirigida a um ativista e publicada na segunda-feira (21).
"A mensagem que quero transmitir é que, caso eu seja executado, por favor, diga a todos os meus compatriotas, meu México, que me desculpem por ter falhado e por voltar em um caixão", escreveu Tamayo na carta a Pablo Antonio Castro, presidente da Confederação das Associações e Clubes de Morelenses dos Estados Unidos e Canadá.
Tamayo será o 29° estrangeiro a ser executado nos Estados Unidos desde que a Justiça do país restaurou a legalidade da pena de morte, em 1976. Ele é acusado de matar um policial em Houston, no Texas, e sua execução está marcada para o mesmo estado em que o crime aconteceu, em 1974.
"Espero que eu sirva de exemplo para outras pessoas (...) sempre vamos ser vítimas de nossa pobreza e da nossa própria cor", denunciou Tamayo. A carta, datada de 7 de janeiro, foi recebida por Castro em 16 de janeiro.
"Decepcionado"
Na mensagem, Tamayo diz estar profundamente decepcionado com os esforços do consulado mexicano para que o governador do Texas, Rick Perry, comutasse a sua execução. "Francamente, essas pessoas me desapontaram (...) nunca fizeram nada", declarou.
"Toda vez que um civil vai ser executado, esses diplomatas querem olhar bem para as câmeras para ficar bem com o governo do México e com os seus compatriotas. Não quero que vocês me usem! E é claro que eu já disse isso", disse Tamayo.
O governo mexicano expressou no domingo (19) a sua forte oposição à execução de Tamayo, e na segunda-feira (20) o assessor jurídico do Ministério das Relações Exteriores, Max Diener, disse que vai continuar a fazer todos os esforços legais para impedir sua morte.
"O mais importante é não perder a esperança e manter os esforços para assegurar que esta situação seja revertida, mesmo que no último minuto", acrescentou Diener.
A execução de Tamayo Arias, de 46 anos, está marcada para quarta-feira às 18h (21h no horário de Brasília), em Huntsville, Texas.
Tamayo é um dos 51 mexicanos que foram condenados à morte nos Estados Unidos, cujos casos foram apresentados em 2004 perante o Tribunal Internacional de Justiça, pelo governo do México. A mais alta corte internacional decidiu em favor dos mexicanos que argumentavam que seus direitos foram violados por não terem recebido assistência consular adequada.