Por volta das 5h30 da manhã de segunda-feira (21), em Roma, o papa Francisco começou a apresentar sinais de uma “doença súbita” e entrou em coma logo em seguida, sem voltar a recobrar a consciência. Antes disso, porém, fez um gesto de despedida ao seu enfermeiro pessoal, Massimiliano Strappetti.
Poucas horas antes, Francisco havia dirigido suas últimas palavras justamente a Strappetti: “Obrigado por me trazer até a praça”, disse o pontífice, em referência ao passeio que fez de papamóvel na Praça de São Pedro durante o Domingo de Páscoa.
O momento surpreendeu os fiéis, já que o papa se encontrava bastante debilitado, em recuperação de uma pneumonia bilateral. A informação foi divulgada nesta terça-feira (22) pelo canal oficial de notícias do Vaticano.
Strappetti, de 56 anos, é um nome discreto fora dos muros da Cidade do Vaticano, mas amplamente respeitado dentro da Santa Sé. Enfermeiro de formação, atuou por anos no setor de Reanimação do Hospital Policlínico Gemelli, em Roma — instituição que costuma receber os papas para tratamentos médicos. Mais tarde, foi transferido para a Guarda Médica do Vaticano, onde prestou cuidados a João Paulo II e Bento XVI.
A relação de confiança entre ele e Francisco se estreitou em 2021, quando Strappetti o convenceu a não adiar uma cirurgia de diverticulite. O papa chegou a afirmar que o enfermeiro “salvou sua vida” e, em reconhecimento, o nomeou seu assistente pessoal de saúde no ano seguinte.
Segundo a agência Ansa, Strappetti é casado, torcedor da Lazio e também atua como voluntário em serviços de assistência — um dos poucos detalhes conhecidos sobre sua vida pessoal.
Nos últimos dias, porém, o enfermeiro não teve tempo livre algum: esteve ao lado de Francisco ao longo de todos os 38 dias de sua internação por pneumonia, entre fevereiro e março, e prestava assistência ao papa 24 horas por dia, para auxiliar na sua recuperação.
Francisco tinha uma relação afetuosa com enfermeiros. Ele dizia que também haviam salvado sua vida em 1957, na Argentina, quando precisou fazer uma cirurgia para retirar parte do pulmão. Durante a pandemia de Covid-19, agradeceu a classe, dizendo que "a enfermagem é uma das mais nobres profissões".