Em uma decisão que redefine o tabuleiro político francês, um tribunal de Paris declarou nesta segunda-feira (31) a inelegibilidade por cinco anos de Marine Le Pen, líder do partido de ultradireita Reunião Nacional (RN). A sentença, com efeito imediato, inviabiliza sua candidatura à presidência em 2027 – pleito no qual liderava as pesquisas – e impõe uma multa de 100 mil euros por apropriação indébita de fundos europeus.
O núcleo da condenação
A Justiça francesa considerou comprovado que Le Pen e outras 24 figuras do RN desviaram €6,8 milhões do Parlamento Europeu entre 2004 e 2016 para pagar colaboradores do partido na França, sob falsa alegação de que atuavam como assessores legislativos. A juíza Benedicte de Perthuis foi taxativa:
"Ficou estabelecido que todas essas pessoas trabalhavam exclusivamente para o partido, sem qualquer tarefa parlamentar. Não foram erros administrativos, mas um sistema estruturado para reduzir custos políticos."
Repercussão e estratégia de vitimização
A líder de 56 anos – que planejava fazer de 2027 sua última corrida presidencial – acusou a decisão de ser uma "execução política", ecoando o discurso de Donald Trump sobre suposta perseguição judiciária. Mesmo mantendo seu mandato como deputada até 2027, a condenação esvazia seu projeto de poder, já que o RN não tem outro nome com igual projeção.
Terremoto eleitoral
A decisão provoca um vácuo na ultradireita francesa, beneficiando o rival Éric Zemmour e complicando os planos do atual presidente Emmanuel Macron, que não pode se reeleger em 2027. Enquanto aliados de Le Pen falam em "banana republic" e preveem uma radicalização de seus apoiadores, a defesa já anuncia recursos para tentar reverter a histórica condenação.
Enquanto a defesa anuncia recurso, a sombra da decisão paira sobre a democracia francesa: para alguns, é justiça contra abusos; para outros, um risco de radicalização. O que é certo é que a batalha por 2027 acaba de ganhar um capítulo explosivo.