O maquinista José Francisco Garzón Amo, que dirigia o trem que descarrilou na quarta-feira em Santiago de Compostela matando 78 pessoas, negou-se nesta sexta-feira (26) a prestar depoimento sobre o acidente para a brigada judicial.
"O maquinista se negou a prestar depoimento à autoridade policial", informou o porta-voz, acrescentando que "será colocado à disposição da justiça o mais rápido possível".
Garzón tomou a atitude, já esperada, baseado em seus direitos.
O número de mortos pelo acidente foi revisado de 80 para 78, informaram as autoridades locais nesta sexta-feira (26). Já foram identificados 72 corpos. Entre os corpos identificados, há um argelino, um mexicano, um americano, uma dominicana e um homem com dupla nacionalidade, brasileira e espanhola.
Peritos dão continuidade nesta sexta à investigação sobre as causas do acidente.
Aproximadamente 90 pessoas permanecem hospitalizadas na região, 30 delas em estado grave, embora os feridos passem de 187 no total.
Os trabalhos na curva em que o trem descarrilou se desenvolveram durante toda a noite e consistem na retirada do restante do comboio acidentado e na recuperação das vias.
O condutor foi detido por imprudência e segue hospitalizado, disse o chefe da polícia da Galícia.
A investigação sobre a pior tragédia ferroviária ocorrida na Espanha nos últimos 70 anos parecia se centrar nesta sexta-feira sobre o condutor e um possível excesso de velocidade ou falha nos sistemas de freio automáticos.
A maioria dos feridos são espanhóis, mas há oito estrangeiros procedentes de Argentina, Estados Unidos, Colômbia, Peru e Reino Unido. Há outros quatro hospitalizados cuja nacionalidade é desconhecida, explicou.
A empresa que administra das linhas ferroviárias na Espanha (Adif) retomou hoje o tráfego da linha interrompida pelo acidente de trem.
Nesta manhã de sexta, os trens de linha convencional já circulavam por uma das vias afetadas pelo acidente, ocorrido nas proximidades da estação de Santiago de Compostela, enquanto a outra, para o serviço de alta velocidade, abrirá somente no sábado.
Neste segundo caso, os trens circularão com especiais precauções, já que as equipes ainda precisam retirar pelo menos um dos vagões do trem acidentado e outros aparatos usados nos trabalhos de recuperação iniciados posteriormente.
O acidente ocorreu às 20h41 locais (16h41 de Brasília), segundo a empresa, em Angrois, na chegada a Santiago de Compostela, local famoso de peregrinação católica e mística. O trem fazia a ligação entre a capital espanhola, Madri, e a cidade de Ferrol, na Galícia.
Fabricantes
A fabricante de aviões e trens canadense Bombardier disse nesta quinta que o trem envolvido em um acidente na Espanha que matou pelo menos 78 pessoas foi feito pelo seu consórcio com a espanhola Talgo. Uma porta-voz da empresa estatal da Espanha Renfe descreveu o trem como um Alvia Series 730, usado na rota entre Madri e La Coruña.
Acidentes anteriores
Este é um dos piores acidentes ferroviários da Espanha. Na década de 1940, um trem que também viajava de Madri para a Galícia se chocou com uma locomotiva, deixando centenas de mortos. Em 1972, um outro acidente com o trem que ia de Cádiz a Sevilha (Andaluzia, sul) causou a morte de 77 pessoas.
O acidente também ocorre apenas duas semanas depois da morte de pelo menos sete pessoas num descarrilamento na região central da França.