Desde a incursão do Hamas que resultou em mais de 4.200 mortes em Israel, oficiais das Forças de Defesa de Israel (IDF) não especializados em comunicação com famílias de vítimas foram convocados para essa missão. Entre eles está o major brasileiro Rafael, que, desde 13 de outubro, visita em média três famílias diariamente para comunicar oficialmente a morte de seus entes queridos.
"Quando bato na porta dessas famílias, me sinto como um anjo da morte", afirmou à BBC News Brasil. "Mas sei que esse trabalho é muito importante, pois dá a oportunidade da família de ter certeza sobre o que aconteceu com o seu ente querido e poder enterrá-lo”, continuou.
Rafael, 14 anos nas IDF, normalmente lida com aconselhamento jurídico. Essa é a primeira vez que ele assume a função de comunicar mortes, resultado do aumento significativo no número de vítimas. Após um treinamento de quatro horas, Rafael enfrenta a difícil tarefa de entregar notícias trágicas, principalmente em casos envolvendo crianças e adolescentes.
"Mas eu continuo logicamente fazendo as refeições e tentando dormir, porque eu sei que se não fizer isso existirão mais uma, duas, três, quatro, cinco famílias que não vão receber informações sobre seus parentes", declarou.
Muitos familiares das vítimas do ataque de 7 de outubro terão que esperar dias para receber notícias devido à dificuldade em reconhecer corpos destruídos. Com mais de 600 pessoas desaparecidas, Rafael destaca o desafio de confirmar as mortes. O major, residente em Israel há 20 anos, enfatiza sua conexão com o Brasil, país que acolheu seu avô sobrevivente do Holocausto.
"Eu sou um judeu sionista e sei que o Estado de Israel está voltado para receber os judeus de todo mundo", disse.
A incursão de 7 de outubro foi considerada o ataque mais sério em décadas, com membros do Hamas violando a cerca Gaza-Israel, resultando em mortes e sequestros. Em resposta, Israel lançou ataques aéreos, agravando a crise humanitária em Gaza e elevando o temor de uma escalada regional.
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