O ditador da Líbia, Muammar Kadhafi, disse em discurso nesta quarta-feira (2) que o poder em seu país "não é do governo" nem dele, mas "do povo", e manteve o tom de desafio que ostenta desde o início da rebelião popular contra seu contestado governo.
O coronel também afirmou que vai "enfiar os dedos nos olhos" de quem desafiar o "poder do povo" na Líbia.
Falando a partidários, com transmissão pela TV estatal, Kadhafi afirmou que o mundo "não entende" o sistema líbio de democracia direta, explicado em seu "Livro Verde", espécie de Constituição informal do governo, no poder desde uma revolução em 1969.
"Desde 1977, é o povo líbio que exerce o poder", disse.
Ele também afirmou que "não é presidente" e, portanto, não pode renunciar ao seu cargo. Ele também negou que a Líbia rebelada enfrente "problemas internos".
A TV estatal mostrou imagens do ditador durante uma festa política na capital, Trípoli, na qual ele apareceu cercado de apoiadores que gritavam slogans a seu favor.
A cerimônia celebra o 34º aniversário da instauração do "poder das massas" na Líbia, informou a emissora estatal.
Você sempre será grande", disseram os manifestantes.
Antes do discurso, Kadhafi e os manifestantes cantaram o hino nacional.
A aparição ocorre em meio a contraditórios relatos de confrontos pelo país, com forças leais ao governo tentando retomar o controle de cidades no poder dos rebeldes antigoverno. Também há relatos de confrontos próximo a Trípoli.
Também crescem as pressões diplomáticas e militares sobre o ditador, no poder desde 1969.
Nesta terça, a Assembleia Geral da ONU decidiu suspender a Líbia do Conselho de Direitos Humanos da entidade. A decisão foi unânime.
O presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso, fez um apelo a Kadhafi para que ele renuncie ao poder e "devolva o país ao povo da Líbia".
O Pentágono também anunciou que está aproximando dos navios militares anfíbios da costa líbia.
A princípio, o objetivo das centenas de fuzileiros é ajudar em operações humanitárias, segundo a Defesa dos EUA, mas a opção militar ainda está na mesa.