Jovem diz ter sido escrava sexual de Gaddafi durante 5 anos

Safia, nome usado no “Le Monde” para preservar a identidade da jovem

Imagem de arquivo mostra Muammar Gaddafi (à dir.) em visita a Roma | Divulgação
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Uma jovem de 22 anos que diz ter sido escrava sexual de Muammar Gaddafi --morto em outubro por revolucionários líbios-- conta ao jornal francês "Le Monde" que foi estuprada, ferida e maltratada durante cinco anos pelo ex-ditador.

Segundo o relato dado ao jornal francês, Gaddafi a sequestrou quando ela tinha apenas 15 anos, no colégio em Sirte onde ela estudava. Ela teria sido escolhida entre os alunos para entregar um ramo de flores ao então ditador. "Ele estava constantemente sob os efeitos de alguma substância e nunca dormia", contou.

Safia, nome usado no "Le Monde" para preservar a identidade da jovem, disse ao jornal que o ex-ditador visitava oficialmente a instituição quando colocou as mãos em suas costas e acariciou os seus cabelos --era o sinal que informava aos seguranças que ele a desejava, como ela teria descoberto mais tarde.

No dia seguinte, três mulheres uniformizadas --Salma, Mabruka e Feiza-- foram buscá-la na loja de sua mãe e lhe disseram que Gaddafi queria vê-la e "dar-lhe alguns presentes". Conta que, na época, não poderia duvidar do ditador, considerado o "príncipe de Sirte" e o "herói" do país, então com 62 anos.

De acordo com a jovem, ela foi levada até uma caravana no deserto onde se encontrou Gaddafi, que lhe perguntou sobre as origens de seus pais e suas condições financeiras. Safia disse que gostaria de permanecer com a família e terminar os estudos, mesmo depois de lhe oferecerem casas, carros e segurança.

SEQUESTRO E DROGAS

No entanto, sua súplica de nada adiantou e ela foi levada para compartilhar um quarto com outra jovem, também sequestrada. Segundo ela, outras 20 mulheres -- em sua maioria entre 18 e 19 anos-- viviam igualmente à disposição do ditador.

Ela recebeu lenços e roupas sensuais e lhe ensinaram a dançar e a fazer striptease, assim como "outros deveres".

A jovem contou ainda que Gaddafi a obrigava a fumar, tomar uísque e usar cocaína.

Safia também relatou festas regularmente organizadas com a presença de modelos italianas, belgas, africanas e estrelas do cinema egípcio, que seriam "especialmente apreciadas" pelos filhos do coronel e outros.

"Para Muammar, [as jovens] eram simples objetos sexuais que poderiam passar para outros, depois de tê-los provado", diz a jovem em seu relato.

A ex-escrava revela ainda que o coronel também manteria relações sexuais com homens.

FAMÍLIA E FUGA

Segundo a jovem, a esposa e outros membros da família que viviam em outros edifícios de Bab al Azizia sabiam dos hábitos do ditador.

"Mas suas filhas não queriam vê-lo com outras mulheres. Ele, então, se reunia com a família às sextas-feiras em outra casa, perto do aeroporto."

Ela contou que, cansado de vê-la deprimida, Gaddafi autorizou por três vezes que fizesse breves visita à sua família usando um carro do palácio. Na quarta ocasião, em 2009, ela teria se disfarçado como uma velha mulher e conseguido fugir da casa, indo ao aeroporto e tomando um voo para a França.

Ela ficou um ano fora do país antes de retornar para a Líbia, de forma clandestina.

VÍCIO EM SEXO E VIAGRA

Segundo informações do tabloide britânico "Daily Mail", Gaddafi tinha um apetite sexual voraz e era tão viciado em pílulas de Viagra que recebeu recomendações médicas para suspender o uso do medicamento.

As informações divulgadas pelo veículo no domingo (13) teriam sido reveladas por um funcionário que trabalhou com o ditador por sete anos conhecido como Faisal.

"Eram quatro, às vezes cinco mulheres diariamente. Elas se tornaram um hábito de Gaddafi", afirmou, citado pelo "Daily Mail". "Elas entravam no quarto dele, ele fazia o que queria com elas e depois saía do cômodo como se tivesse acabado de assoar o nariz".

Faisal contou ao tabloide que se tornou amigo de algumas mulheres usadas por Gaddafi, que ficaram conhecidas como "freiras da revolução". "Todas elas faziam sexo com Gaddafi. As mais inteligentes se tornaram mais ricas com seus presentes e seu dinheiro".

Algumas, de acordo com o chef, não tinham tanta sorte e saíam dos aposentos do ex-ditador direto para o hospital para receberem atendimento médico. As vítimas eram escolhidas na Universidade de Trípoli, onde dava palestras e, em seguida, levava as jovens a uma sala com uma cama de casal.

O vício de Gaddafi em sexo fez com que médicos pedissem que ele reduzisse a dose que tomava diariamente de pílulas de Viagra. Além disso, um funcionário do regime líbio foi enviado a Paris uma vez para comprar um equipamento que prometia aumentar o tamanho do órgão sexual masculino.

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