jornailsta Rachel Maddow, comentarista de política da emissora MSNBC, chorou em uma transmissão ao vivo ao noticiar uma reportagem sobre a separação de bebês e crianças de pais imigrantes que entram de maneira ilegal nos Estados Unidos.
O tema da separação de famílias de imigrante ilegais repercute dentro e fora dos Estados Unidos. Uma nova política do governo Trump estabelece que imigrantes ilegais adultos tenham que ser levados a centros de detenção e responder a processos criminais ao entrar em território americano. Com isso, os menores de idade que chegam junto com seus pais são separados e levadas a abrigos sob custódia do governo.
"Desculpe. Acho que vou ter que dar um jeito nisso", afirmou, tentando se recuperar.
Como não conseguiu ler toda a notícia, encerrou o programa e chamou para a participação de outro jornalista.
Mais tarde, Maddow publicou um pedido de desculpas em sua conta no Twitter:
Balanço mais recente aponta 49 crianças brasileiras separadas dos pais em abrigos americanos
O cônsul-geral adjunto do Brasil em Houston, Felipe Santarosa, disse que recebeu do governo americano a informação de que, até a última sexta-feira (15), havia 49 crianças brasileiras em abrigos nos Estados Unidos, depois de terem sido separadas dos pais na fronteira.
O número atualizado é bem maior que o anterior: mais cedo nesta quarta, o mesmo diplomata dispunha da informação de que oito crianças brasileiras estavam separadas de seus responsáveis após cruzarem a fronteira com o México.
Contra e a favor: veja os argumentos sobre a política que levou à separação de famílias imigrantes nos EUA
A política de "tolerância zero" do governo dos Estados Unidos em relação aos imigrantes que atravessam a fronteira com o México levantou protestos por todo o mundo. O debate esquentou depois de relatos e imagens de famílias separadas por autoridades norte-americanas no momento da detenção. Na tarde desta quarta-feira (20), o presidente Donald Trump assinou uma ordem para suspender a separação.
Veja os argumentos usados por políticos e autoridades contra e a favor da política imigratória dos Estados Unidos:
CONTRA MEDIDA
1. Violação aos direitos da criança
A porta-voz do Alto Comissariado de Direitos Humanos da ONU, Ravina Shamdasani, afirmou que separar famílias e deter menores de idade representa uma "violação grave dos direitos da criança" e recordou que os Estados Unidos continua sendo o único país que não ratificou a Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos das Crianças.
"Pedimos às autoridades americanas que adotem alternativas que evitem privar a liberdade e que permitam às crianças permanecer com suas famílias", afirmou a porta-voz.
2. Crianças usadas como moeda de troca
Os filhos dos imigrantes estariam sendo usados como moeda de troca pelo governo de Donald Trump, acusou o ex-presidente dos Estados Unidos, Bill Clinton, pelo Twitter.
Na mesma linha, Hillary Clinton, rival de Trump na eleição de 2016, acusou o presidente de usar as crianças para fins políticos.
“Isso é uma crise humanitária e moral. Todo ser humano com um senso de compaixão e decência deveria ficar indignado”, afirmou Hillary.
O Partido Democrata queria resolver a situação dos “dreamers” (imigrantes que entraram ilegalmente no país quando eram crianças), mas o Partido Republicano e o presidente só fariam isso se a negociação incluísse o muro na fronteira com o México.
3. Efeito negativo ao partido de Trump
Políticos do mesmo partido de Donald Trump se opuseram à política que separa famílias na fronteira com o México.
O senador republicano John McCain disse que o governo deveria interromper “agora” a política e que a separação familiar é "uma afronta à decência do povo norte-americano e contra os princípios e valores nos quais a nação foi fundada".
A ex-primeira-dama Laura Bush, mulher do ex-presidente republicano George W. Bush criticou abertamente a abordagem republicana em um artigo publicado neste domingo no " The Washington Post".
"Moro em um estado fronteiriço. Compreendo a necessidade de reforçar e proteger as fronteiras, mas esta política de tolerância zero é cruel. É imoral. E isso quebra o meu coração", afirmou Laura.
4. O próprio presidente Trump disse considerar política 'horrível'
Nem mesmo o presidente Donald Trump defendeu publicamente a separação das famílias, que ele classificou como "horrível".
A FAVOR DA MEDIDA
1. País 'não pode se tornar campo de refugiados'
Na mesma entrevista em que Trump declarou que a separação das famílias "é horrível", ele enfatizou que "os Estados Unidos não serão um campo de imigrantes, e não serão um complexo para manter refugiados".
Trump disse que não quer que crianças sejam separadas de seus pais, como vem acontecendo, mas que essa medida é necessária em caso de imigrantes ilegais que entram no país e são processados.
2. Fotos dramáticas são antigas
Veículos de imprensa norte-americanos afirmaram que algumas das fotos divulgadas pelas redes sociais não corresponderiam ao mandato Trump, e, sim, ao de Barack Obama.
As fotos de crianças presas em estruturas semelhantes a gaiolas são de 2014, quando o democrata ainda ocupava a Casa Branca. Além disso, os jovens mostrados nas imagens teriam entrado nos Estados Unidos sozinhos, e não com as famílias.
3. Medida coibiria imigração ilegal
Por mais perturbadoras que sejam, as imagens de separação das famílias coíbem outras pessoas de tentar a imigração ilegal para os Estados Unidos. É o que vinha defendendo o procurador-geral norte-americano, Jeff Sessions, em entrevistas à imprensa do país.
Antes mesmo de o assunto tomar a pauta da política norte-americana, nomes ligados a Trump apresentavam posições semelhantes. Em março de 2017, John Kelly, então secretário de segurança nacional, também disse que a medida poderia ter efeito coibitivo.
4. Obedecer às leis 'é bíblico'
Sessions também disse que o governo dos Estados Unidos apenas seguia o ordenamento jurídico existente no país. Para isso, o procurador-geral citou uma passagem da Bíblia do livro dos Romanos para justificar a posição:
Jornalistas norte-americanos interpelaram a fala de Sessions à porta-voz da Casa Branca, Sarah Huckabee Sanders. Ela endossou a posição do procurador-geral.
"É muito bíblico aplicar as leis. [...] As leis são as mesmas que estão nos livros em uma década. E o presidente está simplesmente aplicando-as", respondeu Sanders.