ROMA, 19 Nov (Reuters) - Pelo menos 17 pessoas morreram em inundações e centenas ficaram desabrigadas depois que um ciclone varreu a ilha mediterrânea da Sardenha, informaram as autoridades italianas nesta terça-feira.
Uma família brasileira, um casal e dois filhos, morreu dentro de casa em Arzachena, aparentemente após ter sido surpreendida por uma torrente de água.
O governo declarou estado de emergência depois que o cliclone Cleópatra despejou 450 milímetros de chuva em uma hora e meia durante a noite, provocando o transbordamento de rios, arrastando carros e alagando casas por toda a ilha.
"Está é uma tragédia nacional", disse o primeiro-ministro Enrico Letta.
A declaração de estado de emergência permitirá o envio mais rápido de recursos para as áreas devastadas, já que grandes porções da ilha estão inundadas por água lamacenta que cobre carros e alaga casas.
O governo também reservou 20 milhões de euros (27 milhões de dólares) de fundos emergenciais para ajudar nos trabalhos de resgate e limpeza.
O prefeito de Olbia, Gianni Giovannelli, uma das cidades mais afetadas, no nordeste da Sardenha, disse que o alagamento repentino foi "como uma bomba", com uma quantidade de água em 90 minutos semelhante à que cai na cidade de Milão em seis meses.
Giovannelli afirmou que casas da área ficaram cobertas de água até a metade e as equipes de resgate ainda buscam vítimas.
"Acabamos de encontrar uma criança morta que estávamos procurando a noite toda", disse ele à televisão SkyTG24.
Além das vítimas, o desastre levantou dúvidas sobre o quanto os governos locais da Itália, carentes de recursos e sob crescente pressão financeira depois de mais de dois anos de recessão, estão preparados para lidar com emergências.
"Estamos enfrentando uma ocorrência excepcional aqui, que deixou em crise o nosso sistema de planejamento e gerenciamento territorial", declarou o vice-diretor do serviço geológico da ilha, Antonello Frau.
"Estamos prontos para analisar como lidamos com essas situações, que estão se tornando mais frequentes."
Inundações e deslizamentos de terra são comuns na Itália, dominada em muitas áreas por cadeias de montanhas escarpadas.
Para o principal grupo ambientalista da Itália, o Legambiente, o desastre mostrou que há necessidade urgente de ampliar as medidas contra inundações e outros desastres, para o que conta com o apoio do conselho nacional geológico.
Segundo a entidade, mais de 6 milhões de italianos estão sob risco potencial de inundações, que se agravou por causa de construções desenfreadas, em especial em áreas costeiras.
"Isto não é apenas culpa da mudança climática", afirmou o presidente da associação, Gian Vito Graziano, em um comunicado.
Segundo a Cruz Vermelha, centenas de pessoas tiveram que deixar suas casas e ir para abrigos temporários montados em centros esportivos e outros locais. Várias pontes foram arrasadas em Olbia e na região próxima da cidade de Nuoro.