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Israel e Irã já foram 'amigos', saiba o que fez a relação entre os países implodir!

Tudo mudou com a Revolução Islâmica de 1979, quando o aiatolá Ruhollah Khomeini assumiu o poder e transformou o país em uma república teocrática.

Conflitos entre Irã e Israel seguem provocando uma série de prejuízos. | Foto: Jack Guez/AFP
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Pode parecer improvável diante do atual cenário de confrontos diretos, mas Israel e Irã já foram parceiros estratégicos no passado. As duas nações, que hoje protagonizam uma das rivalidades mais intensas do mundo, já mantiveram laços estreitos de cooperação militar e econômica. Logo após a fundação do Estado de Israel, em 1948, o Irã foi um dos primeiros países do mundo a reconhecer sua legitimidade.

Durante décadas, as relações entre os dois países foram marcadas por interesses mútuos: Israel ofereceu expertise em agricultura, inteligência e segurança, enquanto o Irã, governado à época por uma monarquia pró-Ocidente, fornecia petróleo aos israelenses. A parceria se consolidou principalmente durante o regime dos xás, quando o Irã também contava com apoio direto dos Estados Unidos.

A ruptura de 1979

Tudo mudou com a Revolução Islâmica de 1979, quando o aiatolá Ruhollah Khomeini assumiu o poder e transformou o país em uma república teocrática. A queda da monarquia iraniana desfez os acordos com Israel e colocou Teerã no centro de uma nova aliança regional, desta vez contra o antigo parceiro.

Com uma força militar bem estruturada – em parte graças ao apoio israelense anterior –, o novo regime iraniano passou a investir em grupos armados contrários a Israel, como o Hezbollah no Líbano, o Hamas na Faixa de Gaza e, mais recentemente, os Houthis no Iêmen.

Negação da existência israelense

A ruptura foi além da diplomacia. O Irã passou a negar o direito de existência do Estado de Israel, mesmo tendo sido um de seus primeiros reconhecedores. O aiatolá Khomeini, e depois seu sucessor Ali Khamenei, adotaram uma postura de negação histórica que incluiu até a relativização do Holocausto. O discurso anti-Israel passou a ser uma ferramenta de afirmação do regime xiita iraniano frente aos rivais regionais, como a Arábia Saudita sunita.

Conflito prolongado e danos mútuos

Desde então, o embate se aprofundou. Israel atacou instalações nucleares iranianas, temendo o desenvolvimento de armas atômicas, e comparou a República Islâmica à Alemanha nazista. Por outro lado, o Irã intensificou seu apoio a grupos que realizam ações armadas contra Israel, tornando-se peça-chave em conflitos como a Guerra do Líbano em 1982 e, mais recentemente, o apoio ao regime sírio de Bashar al-Assad.

Guerra em Gaza reacende a tensão

A rivalidade ganhou novo fôlego após os ataques do Hamas em 7 de outubro de 2023, quando cerca de 1.200 pessoas foram mortas em Israel e 250 reféns foram levados para Gaza. O contra-ataque israelense, segundo autoridades da Faixa de Gaza, já causou ao menos 55 mil mortes. A escalada atual entre Israel e Irã, com mísseis disparados e contra-ataques registrados em junho de 2025, é um desdobramento direto desse ciclo de violência.

"Uma relação defasada", dizem analistas iranianos

Críticos ao regime iraniano apontam que a manutenção dessa hostilidade compromete os interesses nacionais. A ex-deputada Faezeh Hashemi Rafsanjani, filha do ex-presidente iraniano Ali Rafsanjani, afirmou em entrevista à Deutsche Welle que “o Irã precisa rever sua relação com Israel, porque ela está defasada”. O cientista político Sadegh Zibakalam concorda e diz que a postura intransigente do governo isolou o Irã no cenário internacional. 

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