Pelo menos seis pessoas foram mortas e várias ficaram feridas em ataques aéreos israelenses contra um porto no Iêmen, conforme relatos de fontes médicas à Reuters neste domingo (21). Os ataques ocorreram um dia após um grupo apoiado pelo Irã reivindicar um ataque fatal na cidade israelense de Tel Aviv.
As Forças de Defesa de Israel (FDI) afirmaram que seus caças atingiram "alvos militares do regime terrorista Houthi" na área do Porto de Hodeidah no sábado (20). O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, descreveu os ataques como uma resposta direta à morte de um cidadão israelense de 50 anos em um ataque de drones Houthi em Tel Aviv na sexta-feira (19).
PRIMEIRO ATAQUE
Autoridades israelenses indicaram que esta é a primeira vez que realizam ataques no Iêmen. A TV Al Masirah, controlada pelos Houthis, reportou que os ataques visaram instalações petrolíferas no porto da costa oeste do Iêmen, resultando em pelo menos três mortes e 87 feridos, muitos com "queimaduras graves".
O porta-voz Houthi, Mohammed Abdulsalam, condenou o que chamou de "agressão israelense brutal", acusando Israel de intensificar o sofrimento no Iêmen para forçar os Houthis a cessar seu apoio a Gaza.
Yehya Saree, porta-voz militar Houthi, prometeu retaliar, alertando que Tel Aviv, uma cidade com várias missões diplomáticas, permanecia vulnerável.
Benjamin Netanyahu justificou os ataques, argumentando que Hodeidah não era "um porto inocente", mas sim utilizado para operações militares e como entrada para armas fornecidas pelo Irã aos Houthis, bem como para ataques a navios no Mar Vermelho.
As FDI afirmaram que interceptaram um míssil superfície-superfície dirigido ao Iêmen no domingo, sem impactos em solo israelense, apesar de sirenes de alerta terem soado.
Os Houthis, em resposta, alegaram ter lançado "vários mísseis balísticos" em direção a Israel, atingindo alvos significativos na região de Umm al-Rashrash, também conhecida como Eilat, cidade israelense na costa do Golfo de Aqaba, Mar Vermelho.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, manifestou profunda preocupação com os relatos de ataques, enquanto os Houthis alertaram para uma resposta maciça à "agressão israelense".
CONFRONTOS AÉREOS
Os confrontos aéreos ocorrem em um contexto de tensões contínuas entre Israel e os Houthis, que têm atacado regularmente com drones e mísseis, provocando respostas de defesa de Israel e aliados.
Israel, os EUA e o Reino Unido, que também foram alvo de ataques Houthi, têm coordenado respostas limitadas aos ataques à navegação. No entanto, Israel agiu unilateralmente desta vez, citando a morte do cidadão israelense em Tel Aviv como motivação.
Os Estados Unidos foram informados dos desenvolvimentos na região, com a Casa Branca reconhecendo o direito de Israel à autodefesa, apesar de não terem coordenado diretamente os ataques aéreos.
Quem são os Houthis?
O movimento Houthi, conhecido como Ansar Allah, é uma organização política e militar xiita apoiada pelo Irã, emergindo nos anos 90. Desde 2014, têm sido protagonistas do conflito no Iêmen, controlando a capital Sanaa e desafiando o governo reconhecido internacionalmente, gerando uma guerra civil prolongada e devastadora.