Forças militares de Israel dispararam contra integrantes da missão de paz da ONU no sul do Líbano neste domingo (16). O episódio, que não deixou feridos, foi classificado pela Unifil como uma violação séria ao acordo internacional que rege a atuação na região.
De acordo com o Exército israelense, os disparos ocorreram na área de El Hamames, próximo à fronteira, durante uma ação contra dois indivíduos considerados suspeitos. Somente após efetuarem os tiros os militares teriam percebido que se tratava de soldados da missão de paz das Nações Unidas. Ainda segundo o comunicado, as condições climáticas adversas teriam contribuído para a identificação equivocada. O caso está sob análise.
A Unifil relatou que os tiros partiram de um tanque Merkava posicionado dentro do território libanês e que os projéteis caíram a cerca de cinco metros dos soldados da ONU, que estavam de pé quando o ataque ocorreu. Os militares precisaram buscar abrigo antes de estabelecer contato com as forças israelenses por meio dos canais oficiais, o que levou o tanque a recuar.
A força de paz afirmou que o disparo representa uma violação grave à Resolução 1701 do Conselho de Segurança da ONU — norma que determina que somente militares libaneses e tropas da missão internacional podem operar no sul do Líbano.
O Exército libanês também se pronunciou, alegando que ações israelenses recorrentes têm alimentado instabilidade na região e dificultado sua atuação no sul do país.
Atualmente, soldados israelenses mantêm cinco posições dentro do território libanês e costumam realizar ataques aéreos na área, alegando combater o Hezbollah, grupo apoiado pelo Irã. O cessar-fogo firmado no ano passado previa a retirada total das tropas de Israel do Líbano e proibia a presença de armas do Hezbollah no sul. Porém, Israel acusa o grupo de tentar se reorganizar militarmente, enquanto o governo libanês afirma que quem descumpre o acordo é Israel, ao manter posições avançadas e continuar com bombardeios.