O Ministério das Relações Exteriores do Irã confirmou nesta segunda-feira (16) que o parlamento do país está elaborando um projeto de lei para retirar Teerã do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP), assinado em 1970. A proposta surge em meio ao aumento da tensão com Israel após recentes ataques a instalações nucleares iranianas.
Segundo o porta-voz da chancelaria, Esmaeil Baghaei, o governo ainda não tomou uma decisão definitiva, mas o projeto está em fase de preparação. Ele ressaltou que o país é oficialmente contra o desenvolvimento de armas nucleares, em linha com a política do aiatolá Ali Khamenei, líder supremo do Irã.
Ataques e radiação controlada
Na última semana, mísseis israelenses atingiram o complexo nuclear de Natanz, um dos principais centros de enriquecimento de urânio do Irã. O chefe da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Rafael Grossi, alertou para risco de contaminação radiológica e química dentro da instalação, embora tenha garantido que os níveis de radiação fora do local permanecem normais.
Grossi afirmou que as inspeções da agência no Irã continuarão "assim que as condições de segurança permitirem", e pediu que os ataques às instalações nucleares sejam condenados. O Irã solicitou uma resposta firme da AIEA contra o que chamou de “agressão sionista”.
Escalada militar entre Irã e Israel
Os confrontos diretos entre os dois países aumentaram nos últimos dias. O Irã lançou cerca de 100 mísseis contra cidades israelenses como Tel Aviv e Haifa, deixando oito mortos e mais de 100 feridos. Em resposta, Israel bombardeou prédios do Ministério da Defesa e das Relações Exteriores iranianas, matando 224 pessoas e ferindo mais de 1.200. O chefe de Inteligência da Guarda Revolucionária, Mohammad Kazemi, está entre os mortos.
O ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, prometeu novas represálias e afirmou que "os moradores de Teerã pagarão o preço em breve". A rede elétrica de Tel Aviv foi afetada, e um dos projéteis caiu perto do consulado dos Estados Unidos.
Reações internacionais e possíveis desdobramentos
Diante da escalada, os ministros das Relações Exteriores dos 27 países da União Europeia se reunirão nesta terça-feira (17) para discutir medidas diplomáticas. Nos EUA, o ex-presidente Donald Trump afirmou que o país "pode se envolver" no conflito, sem detalhar ações. Ele defendeu um acordo entre Israel e Irã, mas segundo a Reuters, vetou recentemente um plano israelense para assassinar o aiatolá Ali Khamenei.