O julgamento de um crime bárbaro, ocorrido em agosto de 2011, está mobilizando a população de Londres. Attila Ban, recepcionista de um hotel próximo ao aeroporto de Heathrow, assassinou friamente dois companheiros de trabalho. Em seguida, o homem, de 32 anos, se escondeu dos policiais dentro do estofado de um divã, ao lado de um dos corpos. De acordo com o jornal ?Daily Mail?, o assassino chegou a atualizar seu status no Facebook enquanto dividia, por dois dias inteiros, o pequeno espaço com o morto.
- Eu gostaria de acordar deste pesadelo - escreveu ele.
As vítimas eram Tibor Vass, de 20 anos, e sua namorada Alice Adams, estudante de artês cênicas, de 20.
No julgamento, foi dito que Attila, abertamente gay, teria uma atração por Tibor - o que acabou por motivar a matança. Alice foi esfaqueada 22 vezes e sofreu lesões no coração, no pulmão esquerdo, no baço, no estômago e no diafragma. Seu corpo foi encontrado num dos quartos do hotel Radisson Edwardian, com uma almofada sobre o rosto. Já Tibor foi apunhalado duas vezes no coração. Após o ataque, o assassino tirou toda a sua roupa e o levou para uma cama de casal, antes de carregá-lo para dentro do colchão no momento da chegada dos agentes.
- Durante todo o tempo, ele estava lá, capaz de ouvir tudo o que foi dito e com presença de espírito o suficiente para manter-se escondido apesar de tudo o que acontecia a sua volta - discursou o promotor Richard Whittam QC.
O crime foi descoberto quando, no dia seguintes às mortes, os funcionários do estabelecimento deram falta dos três empregados e acionaram as autoridades. Acredita-se que Attila tenha entrado em desespero ao descobrir que Tibor, húngaro de nascimento, havia conseguido uma bolsa escolar para cursar uma universidade em seu país natal. Além disso, o assassino presenciou um beijo entre o casal morto após uma festa regada a drogas e bebidas.
Attila foi encontrado em seu esconderijo com seu telefone celular e uma garrafa de água. Antes de ir para o interior do divã, o homem tentou suicídio com facas de modelagem e, dentro de uma banheira, com choques elétricos causados por um secador de cabelo. Apesar de ter tentado sair do julgamento admitindo apenas homicídio culposo, ele foi condenado pelo júri por assassinato e pode pegar até prisão perpétua.
Uma das discussões que a Corte presenciou foi a respeito da ação dos policiais, que demoraram dois dias para localizar o criminoso. O detetive John Finch se defendeu dizendo que, sem motivação clara, mover os móveis na cena do crime poderia prejudicar a perícia.
- Eu já revi tudo isso várias vezes. Era algo tão estranho e bizarro a se fazer. É difícil acreditar - afirmou o investigador.