O líder opositor venezuelano, Juan Guaidó, visitará o Brasil nesta quinta-feira, 28, para se reunir com o presidente Jair Bolsonaro e outras autoridades, segundo a representante diplomática dele no País, María Teresa Belandria. O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, participará do encontro. O venezuelano é esperado em Brasília ainda no início da madrugada desta quinta, segundo a assessoria da vice-presidência da República.
O autoproclamado presidente venezuelano passará a quinta-feira em agenda com autoridades brasileiras e deve se encontrar com Bolsonaro à tarde.
Segundo o diário venezuelano El Nacional, Guaidó, que está na Colômbia desde o último sábado, deve visitar vários países latino-americanos para discutir a crise na Venezuela. Ele já avisou que pretende retornar a Caracas depois do encontro no Brasil, apesar do risco de ser preso, porque havia uma ordem da Justiça para que ele não deixasse o país.
"Não assumimos este compromisso para lutar de fora, por isso, em breve estarei na Venezuela para exercer as minhas funções como presidente. Nada nos impedirá. Vamos bem, Venezuela!", escreveu ele nas redes sociais, nesta quarta.
Na segunda-feira, 25, os países da região que fazem parte do Grupo de Lima descartaram qualquer solução que envolva a força para pôr fim à crise no país, como defendeu Guaidó após a tentativa de levar ajuda humanitária pela fronteira de Brasil e Colômbia, no dia 23.
Ignorado na ONU
Nesta quarta-feira, 27, o ministro das Relações Exteriores do regime de Nicolás Maduro foi ignorado no Conselho de Direitos Humanos da ONU, em Genebra. Dezenas de diplomatas deixaram a sala no momento em que Jorge Arreaza ia começar a discursar. O chanceler venezuelano falou da possibilidade de uma reunião entre o presidente americano Donald Trump e Nicolás Maduro para encontrar uma saída para crise.
Na noite de terça, 26, mais de cem brasileiros que estavam em território venezuelano foram autorizados a voltar pela rodovia, depois de muita negociação envolvendo o vice-consulado do Brasil e militares dos dois países.
Vinte e sete caminhoneiros também passaram. Dez permanecem retidos. A Receita Federal estima que, em média, R$ 5 milhões estejam deixando de passar por ali diariamente. Mas o maior prejuízo não é econômico. E sim o desabastecimento de alimentos e itens básicos para a região sul da Venezuela.
"Se você pegar o estado de Bolívar, até Porto Ordaz, um pouco mais pra frente, toda a alimentação que tem chegado para os venezuelanos tem saído do estado de Roraima", afirma o auditor fiscal da Receita Federal em Roraima, Alysson Rocha.
Já a ajuda humanitária enviada à Pacaraima continua estocada no posto de controle. Na tarde desta quarta-feira, o governador roraimense, Antônio Denarium, do PSL, esteve na fronteira e disse que negociou com ministros venezuelanos para que ela seja reaberta nesta quinta-feira, 28. "Eles vão repassar para o governo federal da Venezuela a conversa que nós tivemos aqui e ficou amanhã de definir a abertura da fronteira", disse.