"O gênero só se torna uma questão quando você tenta fazer disso um segredo. Eu sou feliz, então porque deveria ficar envergonhada?" Quem faz o questionamento foi Geraldine Roman, a primeira política transexual a ser eleita nas Filipinas. Ela vai atuar como deputada, representando Bataan, província ao norte de Manila. Ela conquistou 23.814 votos, cerca de 13 mil a mais do que seu principal oponente,
A vitória de Geraldine, que vem de uma tradicional família de políticos, representa um marco para a comunidade LGBT do país. Os dogmas conservadores da Igreja Católica são uma constante na sociedade filipina: divórcio, aborto e casamento entre pessoas do mesmo sexo são ilegais.
Mesmo tendo sido assediada e sofrido duras críticas durante a campanha, ela não se intimidou. "O fato que alguém na minha condição vai entrar no Congresso pela primeira vez é um atestado de que mesmo os transgêneros podem servir o nosso país e não devem ser discriminados", disse ela em entrevista à AFP.
Geraldine viveu na Espanha e trabalhou como editora em uma agência de notícias. Ela voltou para o país natal em 2012, para cuidar de suas pais e continuar o legado político da família.
Entre os projetos que já ganharam o apoio da deputada está o de uma lei anti-discriminação que vai estabelecer o tratamento igualitário para a comunidade LGBT no ambiente de trabalho, em hoteis e em escolas. Outra meta da política é de melhorar a infraestrutura e o atendimento nos hospitais de Bataan.
Embora seja considerado um país "amigável" com a comunidade LGBT, as Filipinas têm a taxa mais alta de homicídios contra transexuais no sudeste asiático.