Explosão em mina de carvão na Turquia deixa mais de 200 mortos, porém número pode crescer

Teme-se que o número de mortos aumente e que este acidente seja o maior desse tipo na história da Turquia, admitiu o ministro

Ferido é resgatado em Soma, distrito da província de Manisa, na Turquia | Reuters
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O número de mortos na explosão ocorrida na terça-feira (13) em uma mina de carvão na Turquia subiu para 205, mas ainda pode aumentar, afirmou nesta quarta-feira o ministro da Energia turco, Taner Yildiz, enquanto o governo decretou três dias de luto no país.

Teme-se que o número de mortos aumente e que este acidente seja o maior desse tipo na história da Turquia, admitiu o ministro.

"Não quero dar um número muito alto ou muito baixo e dar ideias equivocadas, apesar de termos uma estimativa, segundo os dados proporcionados pela empresa mineradora" responsável pela exploração, disse Yildiz., acrescentando que os socorristas "correm contra o tempo" para salvar os mineiros retidos.

As operações de busca continuam nesta manhã. O ministro da Energia disse que 787 operários estavam na mina no momento do acidente, dos quais 363 tinham conseguido se salvar e cerca de 80 estavam feridos. Teme-se que o número de vítimas possa ser maior que 300. Alguns operários da mina, por sua vez, relataram à imprensa local que poderia haver entre 300 e 400 pessoas na mina e que é pouco provável que elas sejam encontradas com vida.

Durante toda a noite, as equipes de socorristas retiraram feridos a conta-gotas, a maioria com graves dificuldades respiratórias.

Segundo Yildiz, quatro equipes estão trabalhando na mina. O principal problema seria o fogo. Os bombeiros tentaram bombear ar para as galerias da mina onde os mineiros estão presos, cerca de dois quilômetros sob a superfície, e a uma distância de quatro quilômetros da entrada da mina.

Uma fumaça espessa dificulta o avanço das equipes. Os mineiros teriam máscaras de oxigênio à sua disposição, mas não se sabe por quanto tempo podem sobreviver nessas condições, de acordo com a imprensa local.

Vedat Didari, especialista em indústria mineradora, explicou à AFP que a falta de oxigênio é o principal risco, no momente. "Se os ventiladores não funcionarem, os mineiros podem morrer em uma hora", disse Didari, da Universidade Bulent Ecevit, em Zonguldak.

Parentes dos mineiros estão no local do acidente e no hospital de Soma, para onde os feridos estão sendo levados. "Espero notícias do meu filho desde o início da tarde", disse à AFP Sena Isbiler. "Não tenho notícia alguma. Ele ainda não saiu", lamentou.

Em conversa com a imprensa, em Ancara, o primeiro-ministro Recep Tayyip Erdogan expressou suas "mais sinceras condolências" às famílias das vítimas. "Alguns dos mineiros foram salvos, e espero que sejamos capazes de salvar os outros", declarou.

Explosões recorrentes

A explosão teria sido causada por uma falha elétrica, ocorrida por volta das 9h30 (horário de Brasília), segundo a imprensa local.

Em um comunicado, a companhia mineradora Soma Komur considerou o episódio um "acidente trágico" e lamentou que, "infelizmente, alguns dos nossos empregados perderam a vida nesse acidente".

"O acidente aconteceu apesar de um máximo de medidas de segurança e de inspeções, mas conseguimos intervir rapidamente", garantiu a empresa.

O Ministério turco do Trabalho e da Segurança Social anunciou que a mina foi inspecionada pela última vez em 17 de março e que aplica as normas em vigor.

Segundo o mineiro Oktay Berrin, em conversa com a AFP, porém, "não há qualquer segurança nessa mina, os sindicatos são apenas marionetes, e a diretoria só pensa em dinheiro".

"Já houve pequenos acidentes aqui, mas é a primeira vez que vemos um acidente tão grave como esse", afirmou um mineiro, ainda em estado de choque.

Explosões em minas de carvão são comuns na Turquia, principalmente no setor privado, que, em muitos casos, não respeita as regras de segurança. O acidente mais grave aconteceu em 1992, quando 236 mineiros perderam a vida em uma explosão de gás na mina de Zonguldak.

O distrito de Soma, que tem cerca de 100.000 habitantes, é um dos principais centros de extração de lignito (carvão fóssil), a principal atividade da região.

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