O Exército de Israel informou nesta terça-feira (14) que o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) recolheu os corpos de quatro reféns mantidos por militantes palestinos na Faixa de Gaza, ao longo dos dois anos de guerra.
A medida ocorre em meio a um novo impasse no acordo de cessar-fogo, depois de Israel decidir não reabrir a passagem de Rafah, na fronteira com o Egito, em represália ao descumprimento de cláusulas por parte do Hamas. Segundo o governo israelense, o grupo não entregou todos os corpos de reféns mortos, conforme previsto no tratado.
Um dirigente do Hamas havia informado à agência AFP que o grupo entregaria entre quatro e seis cadáveres até a noite de terça-feira, o que acabou se confirmando parcialmente.
Em comunicado, o CICV afirmou que suas equipes estão trabalhando para garantir o tratamento digno dos mortos.
“As equipes do CICV estão tomando medidas para garantir que os mortos sejam tratados com respeito, incluindo o fornecimento de sacos mortuários, veículos refrigerados e o envio de pessoal adicional para facilitar o processo”, informou a entidade.
De acordo com as Forças de Defesa de Israel (FDI), o Hamas não fez esforços concretos para localizar e devolver os corpos, mesmo tendo informações que poderiam auxiliar na busca.
Na segunda-feira (13), o Hamas havia libertado 20 reféns vivos e transferido os corpos de quatro vítimas israelenses, mas 24 corpos ainda permanecem em Gaza. A demora levou o governo de Israel a acusar o grupo de violar o acordo de paz temporário.
O ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, afirmou que qualquer atraso ou omissão deliberada será tratado como uma violação flagrante do cessar-fogo.
“O anúncio do Hamas sobre o retorno esperado de quatro corpos hoje é um fracasso no cumprimento de compromissos. Qualquer atraso ou omissão intencional será considerado uma violação flagrante do acordo e será respondido adequadamente”, escreveu Katz no X (antigo Twitter).
O Hamas reconheceu que não sabe a localização de todos os restos mortais dos reféns mortos nos últimos dois anos e que já havia informado isso aos negociadores israelenses durante as tratativas do cessar-fogo.
Diante do impasse, o Fórum de Reféns e Famílias Desaparecidas enviou uma carta ao enviado especial dos Estados Unidos, Steve Witkoff, expressando preocupação com o descumprimento do acordo.
“O que temíamos está acontecendo diante dos nossos olhos”, disse o grupo, pedindo que Washington pressione o Hamas a cumprir integralmente o tratado e a repatriar todos os reféns mortos.
O fórum também anunciou uma reunião de emergência, denunciando a “violação do acordo assinado” e expressando temor de que os 25 reféns ainda em cativeiro possam ser sacrificados. O grupo pediu que Israel e os mediadores internacionais suspendam a implementação do cessar-fogo até que o Hamas cumpra integralmente sua parte no acordo.