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Ex-governador da Venezuela e opositor de Maduro morre em prisão

Regime afirma que Alfredo Díaz sofreu um infarto, enquanto família e advogados apontam falta de atendimento médico

Ex-governador Alfredo Díaz, cumpria detenção na sede do Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional | Foto: Reprodução
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O dirigente da oposição venezuelana e ex-governador do estado de Nueva Esparta, Alfredo Díaz, morreu neste fim de semana enquanto cumpria detenção na sede do Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional (Sebin), em Caracas.

Ele tinha 56 anos e estava preso havia um ano, acusado pelo regime de Nicolás Maduro de envolvimento em um suposto plano de conspiração.

Díaz foi detido em novembro de 2024 e levado para El Helicoide, principal centro de detenção do Sebin. Familiares e advogados sempre negaram as acusações e afirmavam que o político não teve acesso pleno ao devido processo legal, além de enfrentar restrições severas de comunicação.

Segundo autoridades do regime, Díaz morreu após sofrer um infarto. O Ministério do Serviço Penitenciário divulgou nota afirmando que o opositor apresentou sintomas na manhã de sábado, foi atendido por socorristas do local e encaminhado a um hospital, onde faleceu minutos depois.

O comunicado diz ainda que ele recebia “garantias plenas de seus direitos”, em contraste com as denúncias da família.

Defesa contesta

A defesa de Díaz contesta a versão oficial e sustenta que o ex-governador não recebeu assistência médica adequada. Organizações de direitos humanos também levantaram dúvidas sobre as circunstâncias da morte.

“Confirmamos que a família de Alfredo Díaz foi notificada enquanto ele estava sob custódia em El Helicoide”, afirmou Gonzalo Himiob, vice-presidente da ONG Foro Penal, pedindo uma investigação “objetiva e imparcial”. A Provea, outra entidade de defesa dos direitos humanos, condenou “mais uma morte sob custódia do Estado” e exigiu apuração imediata.

Díaz era uma figura de destaque na política regional. Membro do partido Ação Democrática, foi governador de Nueva Esparta, prefeito de Mariño e vereador. Sua morte gerou forte repercussão entre lideranças opositoras.

María Corina Machado e Edmundo González Urrutia lamentaram o caso, afirmando que “não se trata de um episódio isolado”, mas parte de uma “dolorosa cadeia de falecimentos de presos políticos detidos no contexto da repressão pós-eleitoral de 28 de julho”. Eles enviaram condolências à família e cobraram responsabilização.

O dirigente Leopoldo López também se manifestou, dizendo que “a partida de Alfredo nos toca profundamente, especialmente àqueles que caminharam com ele na luta pela liberdade”.

O governo venezuelano costuma rejeitar denúncias internacionais sobre violações de direitos humanos e detenção arbitrária, classificando relatórios como “enviesados” e “politizados”. Com a morte de Díaz, cresce a pressão interna e externa por esclarecimentos.

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