IRÃ: Encerra com multidões votação na eleição presidencial

República islâmica escolhe sucessor de Mahmud Ahmadinejad. Moderado Hassan Rohani enfrenta candidatos conservadores “linha-dura”.

Homens fazem fila para votar em mesquita em Qom, ao sul de Teerã, nesta segunda-feira | Reauters
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A votação na eleição presidencial do Irã terminou na noite desta sexta-feira (14), após 5 horas de prorrogação provocadas pelo grande fluxo de eleitores.

As urnas fecharam às 23h locais (15h30 de Brasília), anunciou o Ministério do Interior em um comunicado divulgado pelas redes de televisão.

"Os centros de votação de Teerã devem fechar suas portas, mas os eleitores que já estão em seu interior podem votar", indica o comunicado. Na província, os centros de votação fecharam às 22h, após adiamentos justificados pela forte participação dos eleitores.

Os eleitores iranianos compareceram em grande número, apesar da opção limitada entre um candidato moderado e três conservadores linha-dura.

O líder supremo da república islâmica, aiatolá Ali Khamenei, exortou os iranianos a participarem da votação, condenando as autoridades norte-americanas que criticaram a equidade da eleição.

Jornalistas da Reuters não receberam vistos para cobrir a eleição, mas testemunhas que visitaram várias sessões eleitorais na capital, Teerã, no início do dia, disseram que havia mais pessoas esperando para votar do que na eleição anterior, em 2009.

O ministro do Interior iraniano, Mostafa Mohammad Najjar, disse à estatal Press TV que houve um grande comparecimento em todo o país em resposta à exortação do líder.

"Eles querem se levantar contra o inimigo", disse. Israel, Estados Unidos e seus aliados, que ausam Teerã de tentar desenvolver armas nucleares, estão no topo da lista de inimigos do Irã.

Analistas iranianos disseram que um alto comparecimento beneficia o único candidato conservador moderado, Hassan Rohani, já que alguns de seus simpatizantes naturais na classe média urbana estavam considerando a abstenção.

O pedido de Rohani para reabilitar as relações exteriores do Irã e decretar uma "carta de direitos civis" ressoou entre muitos iranianos ávidos por mudança.

Mas alguns reformistas disseram que ainda estão em dúvida sobre a votação depois da experiência de 2009, quando líderes reformistas disseram que a eleição foi roubada deles para recolocar o presidente Mahmoud Ahmadinejad no poder. O governo negou ter fraudado a contagem.

"Estou na fila bem agora para votar. Tomar uma decisão sobre votar ou permanecer de fora foi uma luta para mim", disse Shaqayeq, estudante de Teerã.

"A maior parte dos reformistas pediu para que votássemos, então decidi votar também. Em Rohani."

Mahnaz, uma artista de Teerã, ainda estava sofrendo.

"Ainda não tenho certeza se quero ou não votar. Ainda me lembro do que aconteceu há quatro anos e isso me enfurece", ela falou. "Mas uma parte de mim ainda acredita que é importante votar... Se decidir votar, será em Rohani porque ele é o único moderado entre os candidatos".

Outros reformistas viam Rohani como a opção menos pior.

"Votei em Rohani, embora ele não seja meu representante verdadeiro", disse Sara, no sofisticado norte de Teerã. "Sou uma reformista e na melhor das hipóteses ele é apenas um moderado, mas votei nele porque ele é o que temos de melhor a essa altura".

Sem pesquisas de opinião confiáveis e independentes no Irã, é difícil avaliar a direção das urnas, menos ainda em que extensão Khamenei, a Guarda Revolucionária e a milícia islâmica Basij exercerão sua poderosa influência sobre a eleição.

Um miliciano da Basij, Hossein, de 27 anos, disse que ia votar em Saeed Jalili, o negociador-chefe da questão nuclear do Irã, porque é o único entre os candidatos a defender a atual postura inflexível de Teerã nas negociações com as potências mundiais e uma política externa ideológica.

"Com certeza votarei em Jalili. É o único em quem posso confiar para respeitar os valores da revolução. O líder supremo confia tanto nele que ele lidera as negociações nucleares do Irã", disse Hossein em Teerã.

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