No último fim de semana, uma apresentação da ópera "Sancta" na cidade de Stuttgart, no sudoeste da Alemanha, causou uma onda de reações adversas entre os espectadores. A montagem, dirigida pela coreógrafa Florentina Holzinger, inclui performances impactantes, como piercing ao vivo, relações sexuais não simuladas e a utilização de sangue falso e real.
De acordo com Sebastian Ebling, assessor de imprensa da Ópera de Stuttgart, foram necessárias 18 intervenções de primeiros socorros durante o evento. No entanto, ele destacou que isso não significa que 18 pessoas desmaiaram ou vomitaram. Muitos espectadores deixaram o teatro por se sentirem mal, e em três casos, foi necessário chamar médicos de emergência.
ESTADO DE CHOQUE
O tabloide Bild relatou a ocorrência de "estados de choque" entre alguns dos presentes, enquanto a própria ópera emitiu um aviso sobre a classificação etária do espetáculo. "A espiritualidade e a sexualidade estão no centro da apresentação, acompanhadas por uma crítica à religião e uma reflexão sobre a violência social", destacou Ebling.
CRÍTICAS
A montagem, que faz referência à ópera da década de 1920, utiliza efeitos como sangue real e falso, processos de piercing e ferimentos, além de elementos como efeitos estroboscópicos, som alto e incenso.
A apresentação já havia enfrentado críticas anteriores, especialmente em Viena, onde o teólogo Jan-Heiner Tück a rotulou de "narrativa simplista" ao abordar a libertação sexual de freiras.
Florentina Holzinger, conhecida por suas performances que exploram a corporeidade feminina de maneira radical, também traz à tona em "Sancta" cenas de amor lésbico e uma crítica aos rituais cristãos, evidenciando a opressão sexual das mulheres. A obra se baseia em "Sancta Susanna", do compositor Paul Hindemith, que já provocou controvérsias em sua estreia em 1922 ao tratar da relação entre celibato e luxúria no cristianismo.
SUCESSO DE PÚBLICO
As apresentações anteriores em Schwerin e Viena foram bem recebidas, sem registros de incidentes como os de Stuttgart. O secretário de Cultura do estado de Baden-Württemberg, Arne Braun, também assistiu à peça e defendeu a importância de discutir temas como espiritualidade e gênero no palco.
"Essas questões devem ser abordadas de novas formas na arte", comentou, enfatizando que aqueles que não se sentem confortáveis com o conteúdo apresentado devem optar por não assistir.
Com informações da DW via G1