Um bando criminoso ligado à guerra do narcotráfico no México assassinou 72 imigrantes ilegais que tentavam ir para os Estados Unidos, entre eles pelo menos quatro brasileiros. Pelo relato do único sobrevivente, um equatoriano de 19 anos ferido à bala na garganta e que permanece internado, os atiradores eliminaram quem não quis colaborar. O adolescente está sendo vigiado dia e noite por militares mexicanos. O rapaz contou que o grupo de imigrantes, formado por brasileiros, hondurenhos, salvadorenhos e equatorianos, se dirigia à fronteira, de onde pretendia atravessar para lado americano próximo a Brownswille, no Texas. Segundo ele, os imigrantes foram interceptados e levados para um rancho, em San Fernando, na província de Tamaulipas, a 160 quilômetros dos Estados Unidos. Foi neste rancho que aconteceu a chacina. O sobrevivente disse que, depois de um interrogatório e de uma tentativa de extorsão, o grupo armado ofereceu trabalho para os imigrantes, como capangas. Como eles recusaram, houve a ordem para que todos fossem mortos. Ao todo, 14 mulheres e 58 homens foram assassinados. Segundo o governo mexicano, quatro brasileiros estariam entre as vítimas, mas esse número não foi confirmado oficialmente pelo Itamaraty, que ainda aguarda a identificação das vitimas. Os 72 corpos estavam em um quarto, mas não se sabe ainda quanto tempo permaneceram no local. O embaixador do Brasil na Cidade do México, Sérgio Florêncio falou por telefone com o Jornal da Globo. "Esses conflitos fronteiriços, de mexicanos ou de pessoas outras nacionalidades, que tentam ingressar nos Estados Unidos, são recorrentes. O que é muito inusitado é um massacre com essas proporções, envolvendo "nacionais" de tantos países", disse. O rapaz só sobreviveu porque se fingiu de morto. Ele procurou socorro em um posto de controle da Marinha. Militares foram ao rancho, onde enfrentaram a gangue. Três criminosos e um soldado morreram. Foram encontradas mais de seis mil cápsulas de munição, além de fuzis e metralhadoras. Segundo o sobrevivente, os criminosos disseram ser integrantes do "Cartel Los Zetas". Originalmente, o grupo era uma força de elite do governo mexicano para combater o tráfico. Os integrantes acabaram criando seu próprio cartel de drogas. Carteis de drogas Segundo a polícia mexicana, não é de hoje que os cartéis de drogas têm se aproveitado de imigrantes ilegais. Como esses estrangeiros querem atravessar o México para chegar aos Estados Unidos, os bandos de criminosos estariam extorquindo, sequestrando e exigindo até que levassem cocaína para a fronteira. A chacina é considerada a maior de todos os tempos. Neste ano, houve outros dois massacres violentos: um em Guerrero, com 55 mortos, e outro em Monterrei, com 51 vítimas. Nesta quarta-feira (25), o cônsul brasileiro no México seguiria para o local da chacina para tentar ajudar na identificação das vítimas. Especialistas apontam que o México vive um tipo de guerra civil, com o narcotráfico atacando as instituições do estado. Mais de 28 mil pessoas já foram mortas pelo crime organizado desde 2006, quando Felipe Calderón assumiu a presidência do México. Na época ele declarou guerra ao narcotráfico e desde então vem ganhando apoio em dinheiro dos Estados Unidos. As tropas foram reforçadas, a Polícia Federal ganhou treinamento, mas ainda assim a violência é ainda mais assustadora.
Equatoriano se finge de morto para escapar de chacina
Adolescente de 19 anos, único sobrevivente, levou tiro na garganta.
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