O embaixador da Coreia do Sul no Brasil, Koo Bon-Woo, acredita que um conflito armado na península coreana não pode ser descartado. A tensão entre as duas Coreias têm aumentado desde o início de fevereiro, quando o Norte realizou o terceiro e mais forte teste nuclear de sua história. Bon-Woo disse que a Coreia do Norte é "imprevisível" e que o seu país tem se esforçado para "manter a paz e a estabilidade" na região.
? Existe a possibilidade de estourar uma guerra. As recentes atividades bélicas da Coreia do Norte têm aumentado as tensões na península coreana. Muitos especialistas acreditam que a possibilidade de um conflito armado é baixa. No entanto, a Coreia do Norte é muito imprevisível, a possibilidade de um conflito não pode ser descartada.
Os dois países estão teoricamente em conflito desde o fim da Guerra da Coreia (1950-1953), já que um tratado de paz nunca foi assinado entre as duas partes, apenas um armistício de não agressão.
A situação na península começou a se agravar em 2006, quando o Norte realizou seu primeiro teste nuclear. De lá para cá foram mais dois exercícios militares desse tipo ? o último deles e mais forte em 12 de fevereiro passado.
Após o teste, o Conselho de Segurança da ONU aprovou novas sanções econômicas contra a Coreia do Norte, que respondeu levantando o acordo de não agressão e anunciando o estado de guerra. As medidas levaram a uma escalada militar na região.
O embaixador sul-coreano comentou o último incidente armado entre as duas partes, ocorrido em novembro de 2010, quando a Coreia do Norte bombardeou a ilha sul-coreana de Yeonpyeong e matou dois soldados e dois civis. O ataque rendeu críticas à Coreia do Sul, por não ter respondido à agressão. Em março do mesmo ano, Seul acusou Pyongyang de torpedear um navio militar seu, matando 46 marinheiros.
Segundo Bon-Woo, o país tem feito de tudo para manter a paz e a estabilidade na região e, por esses princípios, não respondeu de forma mais agressiva ao ataque à ilha.
? Naquela época, a Coreia do Sul tinha capacidade para tomar todas as medidas em resposta à Coreia do Norte, mas, considerando a paz e a estabilidade na península, não atacamos com golpe sério.
Bon-woo não respondeu se um ataque sul-coreano na ocasião frearia as atuais investidas militares do Norte. No entanto, o embaixador lembrou que, desde o fim da Guerra da Coreia, o país vizinho ?continuamente faz provocações?.
? Os norte-coreanos deveriam parar de elevar a tensão e se concentrar em suas obrigações internacionais.
O embaixador cita as várias sanções internacionais impostas ao país pela ONU (Organização das Nações Unidas) desde o teste nuclear de 2006 e diz que espera por paz.
? A manutenção da paz na península coreana é vital para trazer paz e segurança para o Nordeste da Ásia e para o mundo como um todo. Portanto, a Coreia do Sul tem consultado, coordenado e cooperado com os países vizinhos, incluindo os Estados Unidos, a fim de manter a paz na península.
Unificação
O embaixador sul-coreano disse ainda que a divisão das Coreias, definida ao fim da 2ª Guerra Mundial, causou "muita dor com a separação de famílias no Sul e no Norte".
? A reunificação é um sonho antigo e desejado com carinho pelo povo coreano.
Diferentemente da Coreia do Norte, que tem investido em armamento nuclear, Boo-Won diz que seu país não tem intenção de desenvolver armas nucleares e defende o fim da corrida armamentista pelo país vizinho.
? É um princípio fundamental da Coreia do Sul que a península coreana seja desnuclearizada e que a Coreia do Norte desista das ambições nucleares.