O serviço de internet na Líbia foi cortado neste sábado (19), informam as agências internacionais de notícias. A rede vinha sendo utilizada por manifestantes para convocar a população às ruas e protestar contra o governo.
A Líbia se ?desconectou repentinamente?, informou a Arbor Networks, empresa com sede nos Estados Unidos que monitora as conexões na região.
Desde terça-feira (15) o país está mergulhado numa onda de protestos sem precedentes contra o regime de Muammar Gaddafi, que está no poder desde 1969.
Na sexta (19), países do Oriente Médio tiveram novos violentos confrontos durante protestos populares contra governos totalitários, inspirados nos levantes registrados na Tunísia e no Egito.
Na Líbia, onde o número de mortos em confrontos na véspera é calculado em pelo menos 24 pela organização Human Rights Watch, o Exército tomou as ruas da cidade de Benghazi para controlar os manifestantes contrários ao regime de Gaddafi.
Os comitês revolucionários, pilares do regime, ameaçaram os manifestantes oposicionistas com uma resposta ?violenta e fulminante?. Guardas da prisão líbia de El Yedaida, perto da capital, Trípoli, mataram três presos que tentavam fugir, informou uma fonte das forças de segurança.
Manifestantes capturaram dois policiais e os enforcaram em Al-Baida, a 1.200 a leste da capital, informou o jornal ?Oea?, próximo a Seif Al Islam, filho de Gaddafi.
Mais cedo, uma fuga em massa de prisioneiros foi registrada em uma penitenciária de Benghazi, a 1.000 km de Trípoli, após uma rebelião.
Iêmen
No Iêmen, uma granada explodiu durante manifestação na cidade de Taiz, matando duas pessoas e deixando outras feridas. Outras três pessoas morreram em protestos na cidade portuária de Aden.
Bahrein
No Bahrein, país aliado dos EUA, políciais voltaram a reprimir, com tiros e gás, manifestantes que foram às ruas da capital, Manama. Pelo menos 23 pessoas ficaram feridas, segundo o ex-parlamentar xiita Jalal Firooz. Antes, milhares de pessoas compareceram ao funeral de dois xiitas mortos pela violenta repressão policial da véspera.
O rei do Bahrein, Hamad bin Isa al-Khalifa, pediu ao príncipe herdeiro que comece um ?diálogo nacional? com todos os partidos para resolver a crise.
O xeque Salman bin Hamad al-Khalifa tem ?todo os poderes? para responder às aspirações populares, disse o rei. ?O diálogo está sempre aberto, e as reformas continuam?, disse o príncipe herdeiro à TV. ?Esta terra é para todos os cidadãos do Bahrein... Todas as pessoas honestas devem dizer ?basta? neste momento.?
O Bahrein, pequeno arquipélago do Golfo com um milhão de habitantes, é governado por uma dinastia sunita, embora a maioria de sua população seja formada por muçulmanos xiitas.
A repressão policial aos protestos deixou três mortos e 200 feridos, de acordo com as autoridades, e quatro mortos segundo a oposição xiita. Ao todo, cinco pessoas já morreram desde segunda, quando tiveram início as manifestações, segundo fontes oficiais.
Jordânia e Omã
Pelo menos oito pessoas ficaram feridas nesta sexta em Amã, capital da Jordânia, quando defensores do governo atacaram centenas de jovens que participavam de uma manifestação para pedir reformas políticas, informaram um médico e várias testemunhas.
Estes são os primeiros confrontos violentos desde o início do movimento de protestos políticos e sociais no país, há algumas semanas, e que obrigaram o Rei Abdullah a reformar o governo.
Em Omã, cerca de 300 pessoas, incluindo várias mulheres, se manifestaram pacificamente no centro de Mascate para pedir aumento salarial e reformas políticas.
Os participantes da passeata, a segunda deste tipo em um mês no país, percorreram a avenida da capital que abriga os prédios dos principais ministérios, carregando cartazes com dizeres como ?Parem o aumento de preços!?, ?Aumentem os salários!? e ?Autorizem os bancos islâmicos!?.
Apesar dos protestos, os manifestantes juraram lealdade ao sultão Qabus bin Said al-Said, que governa o país.
Irã
No Irã, manifestantes pró-governo foram às ruas da capital, Teerã, pedir a morte dos principais líderes oposicionistas, que estão em prisão domiciliar. O país reprimiu violentamente protestos contra o governo na segunda-feira (14).
Egito
No Egito, uma grande festa na Praça Tahrir, no centro do Cairo, celebrou uma semana sem o presidente Hosni Mubarak, que caiu depois de 18 dias de protestos de rua de ter controlado o país ao longo de quase 30 anos. Ele renunciou deixando o poder nas mãos de uma junta militar que prometeu garnatir a ordem e fazer a transição do país para a democracia em um prazo de seis meses.
O ato - uma homenagem aos pelo menos 365 mortos durante a repressão policial aos protestos - foi pacífico e encarado como uma pressão da oposição sobre o Exército em relação à maneira como ocorre a transição democrática.