Um jovem morreu baleado na noite desta sexta-feira (10) durante os violentos confrontos entre pessoas desabrigadas, a maioria estrangeiros, que ocupam o Parque Indoamericano, na zona sul de Buenos Aires, e vizinhos da região.
?Há um rapaz de 19 anos morto com um tiro na cabeça?, disse o diretor do Serviço Médico de Emergência Metropolitana, Alberto Crescenti. Segundo o diretor disse ao jornal argentino Clarín, a vítima foi retirada de dentro de uma ambulância e executada no meio de uma rua. Ao todo, o número de mortos já chega a quatro.
Durante a madrugada, segundo a agência de notícias France Presse (AFP), foram registrados diversos tiroteios e incêndios. Dezenas de pessoas estariam feridas. Crescenti disse à AFP que os serviços médicos de emergência não conseguem entrar no parque porque ?estão atirando nas ambulâncias?.
Vizinhos x desabrigados
"Não queremos uma favela no parque", gritava um grupo de pessoas, após uma assembleia que decidiu pela expulsão dos sem-teto por conta própria, sem a ajuda da polícia.
Outros moradores da região bloquearam avenidas para exigir a retirada dos sem-teto do Parque Indoamericano. As paredes da sede da Prefeitura de Buenos Aires foi pichada com manifestações contra o prefeito Mauricio Macri. As janelas foram depredadas pelos manifestantes.
A presidente argentina, Cristina Kirchner, que anunciou no início da noite de sexta a criação do ministério da Segurança, criticou a ação contra os sem-teto: "não estou disposta a ver a Argentina entrar para o clube de países xenófobos".
Kirchner mirava em Mauricio Macri, que atribuiu os incidentes no Parque Indoamericano, sob sua jurisdição, à "imigração descontrolada" e a "organizações criminosas".
Outros ataques
Por volta das 22h do horário de Brasília, vizinhos do Parque Indoamericano, a maioria de classe média, atacaram os sem-teto - bolivianos e paraguaios - na noite de hoje, queimando dezenas de barracas. O ataque deixou um número indeterminado de feridos, segundo a TV argentina.
Nos últimos três dias, os choques envolvendo os sem-teto já haviam feito três mortos, sendo dois bolivianos e um paraguaio. A nacionalidade do jovem de 19 anos morto nesta sexta ainda não foi identificada.